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Investigação: como a crise da água no Sudoeste Alentejano se transformou numa batalha em campo aberto

A pouca água para rega que ainda sobra na barragem de Santa Clara é disputada numa luta entre grandes e pequenos. Há explorações de agricultura intensiva que multiplicam a sua área sem qualquer avaliação de impacto ambiental, aproveitando os buracos na lei, e um chefe de gabinete do governo passou a trabalhar para os produtores de frutos vermelhos

Investigação: como a crise da água no Sudoeste Alentejano se transformou numa batalha em campo aberto

Carla Tomás

Jornalista

Investigação: como a crise da água no Sudoeste Alentejano se transformou numa batalha em campo aberto

Micael Pereira

Grande repórter

Investigação: como a crise da água no Sudoeste Alentejano se transformou numa batalha em campo aberto

Sofia Miguel Rosa

Jornalista infográfica

É uma história antiga com desenvolvimentos novos e dramáticos. No talude junto à barragem de Santa Clara, em Odemira, três linhas ténues e esbranquiçadas revelam até onde a água ia ainda há pouco tempo. A albufeira está a mirrar há quase uma década, mas, à medida que vai ficando mais vazia, a queda do nível de armazenamento tem tendência a acelerar. Só nos últimos nove meses baixou três metros. Mais do que nos dois anos anteriores e tanto como a altura de um apartamento.

A albufeira está a 31% da sua capacidade máxima e encontra-se a um escasso metro e meio da cota-limite de 104 metros imposta pelo ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, como inultrapassável. A partir daí, segundo o governante, é cortado o abastecimento para a rega de mais de 5500 hectares de explorações agrícolas que dependem desta reserva de água para garantirem as suas produções intensivas de frutos vermelhos, espinafres, abacates ou próteas.

Entre a cota 104 e a 102, os únicos consumidores da barragem vão passar a ser os 29,5 mil habitantes do concelho de Odemira. Essa é a quantidade de água suficiente para assegurar o consumo doméstico durante três anos, se continuar a não chover, de acordo com o Ministério do Ambiente. “Se de hoje para amanhã não houver água, não hesitaremos e cortamos”, disse o ministro Duarte Cordeiro ao Expresso em junho.

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