11 agosto 2022 23:00

Angelina Almeida e o filho trouxeram do supermercado dois sacos de compras, sem carne nem peixe, por quase 30 euros
ana baião
Inflação na alimentação chegou aos 13,9% e levou os portugueses a mudarem hábitos de consumo. Vão mais vezes ao supermercado, mas trazem menos coisas. Optam sobretudo por marcas brancas e cortam em tudo o que não é imprescindível
11 agosto 2022 23:00
Há já alguns meses que Angelina evita ir ao supermercado e encomenda tudo pela internet. O objetivo é não cair na tentação de levar para casa algo que não é essencial. Perante a escalada de preços dos últimos seis meses, forçou-se a uma nova rotina de compras, muito mais planeada e onde só entra mesmo o necessário. Reduziu o que põe no carrinho, escolhe sempre o mais barato, quase tudo de marca branca, e só volta a fazer compras depois de esgotar o que há na despensa. Salmão e dourada já não chegam à mesa e picanha só em dias de aniversário.
“Está tudo muito mais caro. O preço de um pacote de esparguete quase duplicou e dois sacos de compras, sem carne nem peixe, chegam facilmente aos 30 euros”, lamenta Angelina Almeida, assistente social de 47 anos, que vive em Lisboa com o marido, de 52, e o filho, de 9. Antes, a família costumava fazer uma grande compra por mês, que custava entre 200 e 250 euros. Em abril, já com os preços a subir, as mesmas compras custaram-lhes quase 400 euros. “Percebemos que era insustentável. A partir daí, começámos a comprar só online, de quinze em quinze dias, e em menor quantidade. Programamos muito mais o que cozinhamos, para que não haja sobras que acabem no lixo, e só pedimos mesmo o essencial. Em vez de repormos o que acaba, vamos até ao limite do que temos. Se nos apetece massa mas já não há, não vamos comprar. Comemos arroz”, explica.