“Ele tem o direito de se sentir ofendido, eu tenho o direito de dizer coisas que potencialmente o ofendem. Há pessoas que acham que têm o direito a não ser ofendidas. É impossível não ofender pessoas. Ele ofende-me com as considerações que faz nos acórdãos. E tem todo o direito de se sentir ofendido com o que eu digo. Vivemos numa sociedade aberta e isso é mesmo assim!" Sem presença ativa nas redes sociais, o humorista Ricardo Araújo Pereira optou por fazer declarações ao jornal “Público”, ao qual referiu que irá continuar a falar sobre o juiz. "É o meu trabalho”, disse.
As declarações do humorista e escritor vão de encontro ao que também Joana Amaral Dias disse ao mesmo jornal. “Conhecemos as posições do juiz Neto de Moura, não espanta que seja alguém que conviva muito mal com a liberdade de expressão e de opinião e tenha esta atitude persecutória para com alguém que se pronunciou, num comentário político, contrário a este tipo de acórdão”.
Por seu turno, Fernanda Câncio usou o Twitter para comentar a situação, mas não resistiu a usar também o humor nas suas publicações. “Tenho uma ideia para o juiz Neto de Moura: era fazer uma lista de quem não disse mal dele. Tenho a certeza de que há alguém. Pelo menos a familia e a associação sindical dos juízes. E processa todo o resto do país. É pedir as listas de eleitores e vai por ali fora”, escreveu na rede social, mostrando a dimensão das críticas — e do número de críticos contra Neto de Moura.
Numa sucessão de tweets, onde se contam respostas a frases publicadas por outras personalidades ou publicações de notícias, destaca-se também a vez em que Fernanda Câncio responde à deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua. “Sinto a tua dor”, escreveu, depois de a política do BE escrever uma frase sobre a possibilidade de não ser visada por qualquer processo do juiz. "Se não for processada pelo Neto Moura vou pensar duas vezes sobre a minha existência (nas redes sociais).”, havia escrito Mortágua.
Na mesma cadeia de tweets, Câncio chega até a disponibilizar-se para prestar auxílio à equipa de Neto de Moura. Através da mesma rede social, a jornalista remete para um artigo de opinião seu, publicado no site da rádio TSF no dia 6 de fevereiro e intitulado “Aos déspotas de toga”. Neste, Câncio escrevia sobre a atuação de Neto de Moura, recordando como este “vai continuar (...) a ter o poder do qual tão claramente abusou. Porque um juiz que se crê acima da lei e da Constituição não é um juiz; é um déspota de toga” e “um juiz que acha que as mulheres são menos que os homens, que os homens têm o direito de as considerar propriedade, de as castigar por quererem ser livres e de ainda as culpar por isso não devia ser juiz”.
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