Como num concurso para ver quem aplaude com mais convicção, a sala irrompe numa ovação de pé mal o chefe de Estado acaba de discursar. Os minutos passam, os aplausos prosseguem. Com um falso entusiasmo plasmado no rosto, entreolhando-se com pouca esperança, os líderes distritais continuariam a aplaudir até tombarem, até serem levados para fora da sala em macas. A última frase poderia descrever uma cena da minissérie “The Regime”, que se estreia a 4 de março na HBO — nos seis episódios não há nenhum momento igual, mas a energia é a mesma. Na verdade, a descrição é do escritor russo Alexander Soljenítsin (“O Arquipélago Gulag”, 1973) e refere um discurso de Estaline em 1937, numa conferência do Partido Comunista (reza a lenda que a ovação foi de 11 minutos e que o primeiro a parar passou 10 anos num gulag). Os excessos e singularidades de ditadores reais assemelham-se a histórias criadas para retratar ditadores ficcionais, e vice-versa, como se verá em “The Regime”, com Kate Winslet no papel principal.
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