2 abril 2023 23:43

A cena é ocupada por uma cabine de som, na qual uma narradora vai dizendo o fio da ação, e por uma zona de projeções
d.r.
Refazendo a personagem de Virginia Woolf entre a representação ao vivo, o cinema e o vídeo, Katie Mitchell propõe uma reconstrução do romance original. No São Luiz, em Lisboa, a 6 e 7 de abril
2 abril 2023 23:43
Em 1989, uma jovem Katie Mitchell via o seu primeiro espetáculo na Schaubühne, em Berlim. Era “Orlando”, em alemão, na versão de Robert Wilson (em colaboração com Darryl Pinckney); a atriz era Jutta Lampe. Para a encenadora britânica, e apesar de, confessadamente, não ter a certeza de entender o que se passava, foi, ainda nas suas palavras, um “mergulho fantástico na prática teatral europeia” (1); entenda-se, “europeia” quer dizer, “da Europa continental”. Alguns anos mais tarde, depois de muito trabalho no Reino Unido, e, cada vez mais, “na Europa”, Katie Mitchell tem mais um convite para encenar na Schaubühne, pela sétima vez na Companhia. Quando o nome “Orlando” foi pronunciado, parecia que se estava a cumprir uma espécie de percurso, que tinha realizado uma espécie de “full circle”. Ali estava ela, entre gente amiga e estimada, a encenar um dos seus textos preferidos de Virginia Woolf (1882-1941). Já antes, Katie Mitchell tinha criado um espetáculo a partir de um romance de Virginia Woolf, “As Ondas”. Chamava-se “Waves”, e estreou no National Theatre, em Londres, em 2006. Como agora, era um espetáculo concebido a partir de um texto narrativo; e como agora, era um espetáculo em que a relação entre representação ao vivo, cinema e vídeo era o cerne da estrutura dramatúrgica. “Waves” foi o primeiro grande passo da encenadora neste tipo de trabalho que, até hoje, tem vindo a desenvolver e que é, também, um dos traços distintivos da sua produção.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.