Exclusivo

A Revista do Expresso

Verão de 1972: as férias da liberdade. História dos filhos de presos políticos numa colónia nas Caldas da Rainha

Humberto Candeias, Valentina Marcelino (atrás), Elsa Pedro e Catarina Cabrita (de vestido branco) eram os mais novos da colónia de férias
Humberto Candeias, Valentina Marcelino (atrás), Elsa Pedro e Catarina Cabrita (de vestido branco) eram os mais novos da colónia de férias

Entre julho e agosto de 1972, realizou-se nas Caldas da Rainha uma inédita colónia de férias para filhos de presos políticos. Durante duas semanas, 18 crianças entre os 3 e os 14 anos, brutalmente marcadas pela prisão dos pais e com um passado de clandestinidade, sofrimento e solidão, aprenderam, pela primeira vez, a brincar e a ser livres

Foi aos 9 anos, no primeiro dia da colónia de férias que havia de lhe salvar a vida, que Manuela percebeu finalmente que “não era uma aberração”. Só aí compreendeu que não estava sozinha, que havia outros como ela. Crianças escondidas que viviam com medo, marcadas pela brutalidade da prisão dos pais, arrancadas dos seus braços e forçadas a crescer com o vazio. Até àquele domingo, 23 de julho de 1972, Manuela nunca tinha brincado com outras crianças.

Quando nasceu, os pais viviam na clandestinidade. Francisco Canais Rocha e Rosalina Labaredas, os nomes verdadeiros que a filha só havia de conhecer muitos anos depois, eram funcionários do PCP e começaram a namorar em Moscovo, para onde tinham fugido para escapar à vaga de prisões que se seguiu à campanha de Humberto Delgado. Ao perceber que estava à espera de bebé, o casal decidiu voltar a Portugal, mas o regresso obrigava-os a uma vida na sombra. Tirando o núcleo duro do partido, ninguém podia saber da sua existência.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: JBastos@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate