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E se a tropa recrutasse estrangeiros, como faz Espanha? Marcelo e generais concordam

E se a tropa recrutasse estrangeiros, como faz Espanha? Marcelo e generais concordam
Rui Duarte Silva

Países como Espanha, Reino Unido ou França recrutam estrangeiros para as suas Forças Armadas. Em Portugal ainda nenhum partido avançou com propostas nesse sentido para combater a falta de efetivos, mas o Presidente da República já falou dessa possibilidade em público, depois de um grupo de generais ter lançado a ideia.

E se a tropa recrutasse estrangeiros, como faz Espanha? Marcelo e generais concordam

Vítor Matos

Jornalista

A ideia não é original. Há cinco anos, quando faltavam oito mil tropas aos mais de 100 mil efetivos das Forças Armadas do Reino Unido, o Governo britânico decidiu facilitar mais ainda o ingresso de estrangeiros dos mais de 40 países da Commonwealth nas suas fileiras. Em Portugal, quando faltam mais de sete mil tropas - para um total que devia ser de 30 mil -, a ideia de recrutar estrangeiros, como faz Espanha, é avançada em artigo de opinião no Expresso pelo tenente-coronel na reforma Miguel Machado. Confrontado com os problemas cada vez mais graves de efetivos nas Forças Armadas, o próprio Presidente da República defendeu, há um ano, o recrutamento de imigrantes, depois de uma proposta de um grupo que reúne dezenas de oficiais-generais para se procurar voluntários provenientes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Nunca foi, no entanto, uma medida que o Governo ponderasse em público.

O recrutamento de estrangeiros é uma possibilidade admitida em vários países, como o Reino Unido, Espanha, França ou Dinamarca. Apesar de, em Portugal, não ser um caminho sujeito a grande debate público, essa possibilidade já tem sido mencionada. Depois do Expresso ter revelado, na edição desta semana, os efeitos da falta de pessoal dos três ramos das Forças Armadas, Miguel Machado, tenente-coronel na reforma que chegou a dirigir o “Operacional” - um site de informação militar -, defende que “recrutar estrangeiros não seria inédito”, uma vez que, “na Europa vários países o fazem, em diferentes modalidades. Morrem a combater pelos países que os acolheram como os nacionais desses países”. Como em Espanha, mas já lá vamos.

O ano passado, a ideia do recurso a imigrantes que quisessem obter a nacionalidade portuguesa através da prestação de serviço militar, surgiu num livro lançado pelo Grupo de Reflexão Estratégica Independente (GREI) em maio. O GREI, que junta cerca de cinco dezenas de oficiais-generais reformados, colocava a hipótese de um regresso à conscrição, mas propunha outra solução para mitigar a falta de efetivos das Forças Armadas profissionalizadas: "Faria sentido equacionar a aceitação de candidatos de nacionalidade estrangeira para a prestação de serviço, como já acontece nalguns países da Europa, casos da Espanha e da Bélgica".

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