O presidente da câmara de Oeiras não se fez rogado na resposta a Ventura e publicou um vídeo nas redes sociais acusando o líder do Chega de ser uma "“excrescência do sistema partidário português” e um “monstrinho que representa o pior do sistema”
Jornalista
O presidente e atual candidato à câmara de Oeiras, Isaltino Morais, publicou um vídeo nas redes sociais onde diz que André Ventura, líder do partido Chega e atual candidato à Presidência da República, é uma “excrescência do sistema partidário português”, chamando-o de “pequeno ditador”, “monstrinho que representa o pior do sistema” e “mentiroso cobarde que enfrenta o povo rodeado de seguranças".
O vídeo, publicado na sexta-feira, 20 de setembro, no TikTok e Instagram, arranca com Isaltino a acusar a máquina de propaganda do Chega nas redes sociais de atacá-lo em resposta às críticas do autarca de Oeiras ao partido e o seu líder num debate na terça-feira, na CNN Portugal. Isaltino Morais arremeteu aí a Ventura: “mente sem vergonha nenhuma e as pessoas acham que aquilo é talento”, “é a reencarnação do pior que o sistema tem" e é “um agente corruptor do sistema pela forma como surgiu”.
“A memória é curta. Politicamente, [Ventura] é uma invenção de um grupo do PSD que montou aquela operação Tutti-Frutti”, recordou. E disse ainda estar surpreendido com “fascínio” de “jornalistas” e “comentadores” pelo candidato à presidência "quando é um mentiroso compulsivo".
Ventura respondeu pouco depois nas redes: “meu caro Isaltino Morais, vou-te dizer uma coisa: se eu mandasse, a diferença era que tu ainda estavas preso.”
Isaltino não se ficaria e voltaria ao ataque na sexta-feira, ao fim do dia, também nas redes.
“Aqui há dias participei num debate no qual disse algumas verdades sobre o líder do populismo de direita em Portugal que parecem ter incomodado muito o André Ventura. Primeiro disse o óbvio: o líder do Chega não é antissistema. Ele é o pior que o sistema gerou. Ele é uma excrescência do sistema partidário português. Para quem não sabe, o André Ventura foi inventado no PSD pelo famoso grupo do ‘Tutti-Frutti’. Esse era o seu grupo no PSD. Devia mesmo ser conhecido por ‘André Tutti-Frutti’", começa por dizer.
Isaltino aludia ao caso com o mesmo nome, cuja acusação foi proferida este ano pelo Ministério Público: mais de 60 acusados, do PS e do PSD, terão promovido esquemas de trocas de favores com base na atribuição de contratos públicos, de negociação de lugares em listas eleitorais, e a inscrição de militantes-fantasma nos partidos. Ventura chegou, até, a ser mencionado no processo e a ser alvo de buscas aquando da investigação do Ministério Público.
O seu nome foi, inclusive, citado em escutas telefónicas no período em que era candidato à câmara de Loures, em 2017 ("Controlo o André Ventura, criei um Frankenstein. Depois das eleições, tenho de lhe pôr um açaime", disse, segundo a investigação, o ex-deputado social-democrata Sérgio Azevedo, então citado pela CNN, ideia que Ventura rejeitou: "Mantive a trajetória de independência").
Isaltino prossegue, mencionando as contas do partido e as dúvidas sobre a origem dos donativos. “Depois disse outra coisa. Que o Chega não mostra as suas contas, ninguém sabe de onde vem o dinheiro. E disse mais. As autoridades judiciais têm de investigar o André Ventura. Temos de saber sobre a origem do financiamento do Chega. E temos de saber se há crimes associados. A resposta não demorou. Logo a seguir fez três publicações contra mim. Que importância. Ficou muito, muito nervoso. Estás nervoso, Andrézito? Estás habituado a intimidar jornalistas e adversários? Achas que metes medo? Aqui ninguém tem medo de ti”, disse.
“Ainda por cima, vens dizer que se fosses primeiro-ministro, prendias-me. Mau, és mesmo ditador. Assim se vê cair a máscara do democrata. Se fores primeiro-ministro, és tu que mandas prender? Se ganhares, acaba o Estado de Direito e a independência dos tribunais? Oiçam bem aquilo que diz o nosso pequeno ditador. Aquilo não são apenas ameaças a mim, são ameaças à nossa liberdade”, atacou.
“Andrézito, não passas de um monstrinho que representa o pior do sistema. Mas sabes, antes de poderes pisar toda a gente, terás de bater de frente com todos que têm coragem de dizer o que és. És um mentiroso cobarde que enfrenta o povo rodeado de seguranças, que se faz de forte com os imigrantes, quando o polícia te protege. Mentiroso e cobarde, André. O populismo vai ter de enfrentar os democratas com coragem para te combater. Não passarás, Andrézito. Não passarás”, termina Isaltino.
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