Há figuras públicas das quais, por vezes, é difícil descobrir-se o que pensam, o que escrevem, o que dizem. No caso de Sebastião Bugalho, o desafio é o contrário: desde 2016, com apenas 20 anos, que assina colunas de opinião, passou pelo diário i, Diário de Notícias, Observador, TVI, CNN Portugal e, mais recentemente, pela SIC-Notícias e pelo Expresso. É fácil, portanto, encontrar as várias opiniões que o agora político foi tendo ao longo dos anos.
Sebastião Bugalho é o cabeça de lista da Aliança Democrática às eleições europeias deste ano, mas esta nem é a sua primeira ida às urnas. Em 2019, fez parte das listas do CDS-PP para as legislativas e chegou a ter oportunidade para ir para o Parlamento, que acabou por recusar. Agora, é apresentado por Luís Montenegro como o futuro rosto do centro-direita português no Parlamento Europeu.
Bugalho tem sido, pontualmente, elogioso de Luís Montenegro. A sua passagem pelo Expresso ao longo dos últimos sete meses ficou marcada pelo trabalho que fez sobre a “vitória amarga” do novo primeiro-ministro, logo depois das eleições, na Revista E. O cronista comparou Montenegro a “Lázaro”, após ter parecido um “recluso num corredor da morte, pronto a juntar-se à coleção de opositores vergados por António Costa”. Descreveu uma recuperação do PSD através da gestão de riscos em questões como a regionalização, a eutanásia ou o novo aeroporto que, considerou, fizeram-no mais apelativo a ambos os lados da barricada (ou menos problemático). Foi como um tático que o apresentou.
“Luís Montenegro tem o modo de ação de um jogador que aposta tudo mas que, ao mesmo tempo, demora a revelar o jogo que tem na manga”, escreveu Bugalho. Um pouco antes, durante a campanha, considerava que o líder do PSD se tinha posicionado como “um substituto inofensivo - e indolor - do poder incumbente” de António Costa, colocando-se mais ao centro do espectro político.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: hcarvalho@expresso.impresa.pt