Política

Marcelo sem convite para Pedrogão (Galamba vai)

Marcelo sem convite para Pedrogão (Galamba vai)
JOSÉ COELHO

António Costa leva João Galamba à inauguração oficial do memorial às vítimas e o Presidente da República não foi convidado. “Teve conhecimento pela comunicação social”, informou Belém. Marcelo diz que irá a Pedrogão “ainda este mês”.

Marcelo sem convite para Pedrogão (Galamba vai)

Ângela Silva

Jornalista

Os incêndios de 2017 que fizeram 116 mortos na zona centro do país nunca foram motivo de coesão entre o Presidente da República e o Governo (Marcelo Rebelo de Sousa fez um discurso demolidor que provocou a queda da ministra da Administração Interna) e continuam a não ser. António Costa vai inaugurar oficialmente no dia 27 o memorial às vítimas, leva consigo a ministra da Coesão e o ministro das Infraestruturas que o Presidente gostaria de ver remodelado e Marcelo Rebelo de Sousa não foi convidado.

A Presidência da República informou esta terça-feira em comunicado que Marcelo só “teve conhecimento pela comunicação social da cerimónia de inauguração no próximo dia 27 de junho do monumento de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017 em Pedrogão Grande”. E no comunicado sublinha-se que “Como é sabido”, o Presidente “estará nessa data em Itália, numa reunião da COTEC Europa, juntamente com o Presidente italiano e o Rei de Espanha, encontro esse que terminará ao início da tarde, tornando impossível estar de volta a Portugal antes do fim da mesma”.

Como já tinha anunciado, o Presidente confirma que “tenciona visitar ainda este mês a região afetada pelos terríveis incêndios de há seis anos”. Mas fica-se a saber que não se encontrará com o Governo na homenagem oficial, indo cada um por si. E evitando-se, assim, o encontro entre o Chefe de Estado e o ministro cuja demissão foi publicamente defendida pelo primeiro.

Após acesa polémica por no sábado passado, seis anos após os fogos que mataram 115 pessoas, nem um único membro do Governo nem o Presidente da República se terem deslocado ao local para marcar presença na inauguração informal do memorando às vítimas, o gabinete de António Costa marcou a cerimónia oficial para a próxima terça-feira, às 17h.

Marcelo Rebelo de Sousa não recebeu convite, soube pela comunicação social, e sublinha, na referida nota, que era “sabido” que não estaria no país no dia escolhido pelo Governo para cumprir a homenagem onde foram criticados por ter faltado.

A presidente da Associação das Vítimas do Incêndio, Dina Duarte, explicou ao Expresso que “desta vez ninguém foi convidado justamente para ser ver quem não se esquecia”. E apenas compareceram representantes do PSD, da Iniciativa Liberal e do Chega.

António Costa assinalou a data com a publicação de mensagens no Twitter, o que também mereceu críticas da população local, sobretudo nessa noite, primeiro-ministro (e Presidente da República) estiveram no Estádio da Luz, em Lisboa, a assistir ao jogo da seleção nacional.

Coube à ministra da Coesão pedir desculpa públicas pela ausência de entidades oficiais no dia em que eram esperados. E Ana Abrunhosa irá acompanhar o chefe do Governo na terça-feira, bem como o ministro das Infraestruturas, João Galamba, que o chefe do Governo decidiu integrar na comitiva, apesar de este ter sido vaiado na sua última aparição pública, no 10 de junho, no Douro.

Galamba tem uma certeza: não se encontrará com o Presidentre da República que defendeu a sua saída.

O monumento, um gigante lago, situa-se precisamente na curva onde morreram mais pessoas no fogo que causou 66 mortos só na zona de Pedrógão Grande. A obra é da Infraestruturas de Portugal e foi projetada pelo arquiteto Eduardo Souto Moura.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: AVSilva@expresso.impresa.pt

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