O primeiro-ministro não foi informado acerca da ação do SIS para a recuperação do computador do ex-adjunto de João Galamba, ministro das Infraestruturas, mas também “não tinha de ser”. Assim respondeu ao Observador o gabinete do primeiro ministro, na primeira vez em que António Costa torna conhecida a sua posição quanto à polémica saída de Frederico Pinheiro do Executivo.
Deixando a garantia de que o primeiro-ministro “não tomou qualquer diligência” junto da Secretária-geral do Serviço de Informações da República Portuguesa para assegurar a recuperação do computador portátil, nas respostas ao Observador António Costa faz a defesa dos intervenientes.
Quanto às autoridades, o primeiro-ministro considera que "agiram em conformidade no âmbito das suas competências legais”, assim como defende a atuação do ministério tutelado por Galamba: “O Ministério das Infraestruturas deu – e bem – o alerta pelo roubo de computador com documentos classificados”.
As explicações de Galamba
No passado sábado, em conferência de imprensa, o ministro das Infraestruturas afirmou, em conferência de imprensa, que reportou ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e à ministra da Justiça o roubo do computador pelo adjunto exonerado Frederico Pinheiro, tendo-lhe sido dito que deveria comunicar ao SIS e à PJ. "Eu não estava no ministério quando aconteceu a agressão à minha chefe de gabinete e à minha adjunta. Liguei imediatamente ao senhor primeiro-ministro. O senhor ministro estava, penso que a conduzir, e não atendeu. Liguei ao secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro a quem reportei este facto. Julgo que estava ao lado do secretário de Estado, também junto do primeiro-ministro, da Modernização Administrativa”, referiu.
Hoje foi a vez de Marcelo Rebelo de Sousa abordar o assunto, considerado “particularmente” sensível, defendedo recato na sua resolução. “Estes casos normalmente são discretos. Matérias muito sensíveis de Estado são discretas, são tratadas discretamente”, disse o Presidente da República, numa visita a uma exposição promovida pela associação Ephemera.
Catarina Martins seria a primeira a reagir às declarações de Marcelo. “Lê a preocupação popular e percebe que há uma dificuldade no país quando as pessoas sentem que o Governo está muito fragilizado e descredibilizado", disse a líder do Bloco de Esquerda, considerando ainda que este “não é o único problema do governo”.
Horas depois, através do gabinete, reagia o primeiro-ministro que esta terça-feira deverá, pela primeira vez desde o incidente no ministério das Infraestruturas, retomar a agenda pública.
Recorde-se que além de ter suscitado um coro a exigir a saída de Galamba do Executivo e causado o endurecimento do tom da oposição - “Este governo acabou”, disse Luís Montenegro -, o caso voltou a colocar o cenário da dissolução do parlamento em cima da mesa - Marques Mendes desaconselha o uso da “bomba atómica” mas lembrou as “outras armas” de Marcelo -, e que mesmo Carlos César, presidente do PS, sugeriu uma remodelação no Governo.
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