Rui Rio já reagiu à provocação implícita de Nuno Artur Silva. Em entrevista ao Expresso, secretário de Estado da Cultura sugeriu que as críticas do social-democrata aos apoios do Estado à comunicação social eram incoerentes porque Rui Rio já tinha ido a um programa da manhã, mais precisamente ao “Programa da Cristina”. Ora, na resposta à resposta, o presidente do PSD usou a ironia: “Olha! Este acha que os sítios onde eu vou merecem um subsídio público”, escreveu Rio no Twitter.
Contexto: Rui Rio criticou, desde o primeiro momento, os apoios às empresas de comunicação social, chegando a compará-las a fábricas de sapatos. "As empresas de comunicação social são empresas iguais às que fabricam móveis, sapatos, têxteis. Se têm uma dificuldade, devem ter todos os apoios que existem para todas as empresas", disse em entrevista à CMTV.
Quando foi conhecido que a Impresa (empresa detentora de Expresso e SIC) e a MediaCapital (TVI) iriam ficar com maior fatia de apoio aos media, Rio voltou ao Twitter: “15 milhões de € de impostos para ajudar a pagar os programas da manhã e o Big Brother que voltou em força. Tanto me têm atacado por eu não compreender esta urgência democrática”, escreveu.
Na entrevista ao Expresso, e depois de ter sido obrigado a tentar justificar o facto de o Governo ter errado ao ponto de adiantar 19 mil euros ao jornal “Observador” (quando, pelos critérios definidos pelo próprio Governo, deviam ser mais de 90 mil), Nuno Artur Silva reagiu assim às críticas de Rui Rio:
“Não tenho grandes comentários a fazer, é a posição do presidente do PSD em relação aos órgãos de comunicação social, ele próprio não há muito tempo foi a um programa da manhã. Ele que diga se acha que o Estado não deve anunciar nos órgãos de comunicação social, não sei qual é a ideia dele. Talvez seja bom perguntar-lhe se acha que o Estado não deve anunciar nos órgãos de comunicação social, se tem algum preconceito em relação a alguns órgãos de comunicação social.”
Foi o argumento utilizado por Nuno Artur Silva - o facto de Rui Rio ter ido a um “programa da manhã” devia fazer com que fosse automaticamente a favor dos apoios do Estado à comunicação social (nos termos, montantes e modelo escolhidos) - que motivou a reação de Rui Rio.
Nessa mesma entrevista ao Expresso, o secretário de Estado da Cultura justificou o erro do Governo em relação ao montante destinado ao “Observador” como “um erro de transposição”, quase “um erro de Excel”, mas continuou a defender o modelo escolhido pelo Governo, apesar das críticas dos setores.
Em declarações ao Expresso, José Manuel Fernandes, publisher do “Observador”, voltou a desafiar o Governo a revelar os dados fornecidos pelos diferentes grupos de comunicação social sobre vendas e publicidade, que estiveram na base do cálculo dos apoios à comunicação social.
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