Perguntar Não Ofende

Marcel Borges: porque lutam os estafetas?

Durante a pandemia, os estafetas permitiram que a restauração continuasse a funcionar. Fazem parte da paisagem urbana, com as suas motos e bicicletas, mas são invisíveis. Não têm salário mínimo, férias, seguro de acidentes de trabalho, regras para despedimentos, transparência do algoritmo que os avalia ou controlo sobre períodos máximos de trabalho

No dia 8 de maio, algumas centenas de estafetas fizeram uma espécie de greve, não aceitando encomendas em restaurantes como o McDonald’s. Apesar da paralisação ter acontecido em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Sintra, Figueira da Foz, Setúbal, Guimarães, Guarda, Almada e Chaves, teve pouca atenção mediática. Querem direitos básicos, mas temem contratos que lhes tirem rendimento. Só que, na verdade, reconhecer o estatuto de trabalhador não significa anular as especificidades do trabalho em plataforma. Implica regular esta modalidade de trabalho, como se fez com tantas outras, para a compatibilizar com segurança e direitos. O trabalho sempre teve diferentes modalidades. E não deixou de ser trabalho e exigir direitos por isso.

NUNO FOX

Marcel Borges é brasileiro, tem 40 anos, nasceu no Rio de Janeiro e veio para Portugal em 2019, em busca de uma vida melhor e em fuga da insegurança. No Brasil, era advogado desde 2011. Em Portugal, manteve ativa a advocacia, trabalhando no apoio à regularização de imigrantes e em tudo o que envolve acidentes com estafetas. Para alem da advocacia, foi estafeta até há seis meses, mantendo a atividade aberta, e é motorista de TVDE. Tem sido porta-voz dos “Estafetas em Luta”.

É mais que uma entrevista, é menos que um debate. É uma conversa com contraditório em que, no fim, é mesmo a opinião do convidado que interessa. Quase sempre sobre política, às vezes sobre coisas realmente interessantes. Um projeto jornalístico de Daniel Oliveira e João Martins. Imagem gráfica de Vera Tavares com Tiago Pereira Santos e música de Mário Laginha. Subscreva (no Spotify, Apple e Google) e oiça mais episódios:

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: danieloliveira.lx@gmail.com

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