Augusto Santos Silva: o Partido Socialista é o regime?
A poucos dias de mais um aniversário do 25 de abril e exatamente cinquenta anos depois da fundação do Partido Socialista, Daniel Oliveira recebe no podcast Perguntar Não Ofende o Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva. Não esteve na fundação do PS nem nele militou nos primeiros anos de democracia. Estava, na sua juventude, noutro campo político. Mas é uma das principais figuras do partido, conotado com a ala mais centrista
É na instituição a que preside que a democracia portuguesa lida com um fenómeno que, apesar de tardio, era previsível que chegasse a Portugal: uma extrema-direita que desafia as regras de convivência democrática que, pelo menos desde finais dos anos 70, eram aceites por todos. Tem sido, aliás, protagonista de vários confrontos com o Chega e não falta quem identifique, na forma como o faz, uma vontade de valorizar este adversário para tornar a direita sua refém e a esquerda refém do PS, único que pode impedir André Ventura de se aproximar do poder.
O PS confunde-se com o regime. Desde a sua fundação cheia de esperanças, que correspondeu não apenas à libertação do país e ao fim da colonização tardia, mas a um desenvolvimento económico e social assombroso, até às duas últimas décadas de estagnação, em que o PS governou grande parte do tempo. Sendo um dos poucos partidos socialistas, trabalhistas ou social-democratas (no sentido exato do termo, e não na estranha adulteração portuguesa) que não tem origem sindical e operária, o PS implantou-se, mais fruto das circunstâncias do que de escolha, contra os comunistas e a extrema-esquerda e não, como na generalidade da Europa Ocidental, contra a direita conservadora ou liberal. De tal forma que a experiência da “geringonça”, apesar de muito mais tímida do que os frentismos experimentados em França ou em Espanha, foi vista como um momento histórico, décadas depois das lutas do PREC.
É mais que uma entrevista, é menos que um debate. É uma conversa com contraditório em que, no fim, é mesmo a opinião do convidado que interessa. Quase sempre sobre política, às vezes sobre coisas realmente interessantes. Um projeto jornalístico de Daniel Oliveira e João Martins. Imagem gráfica de Vera Tavares com Tiago Pereira Santos e música de Mário Laginha. Subscreva (no Spotify, Apple e Google) e oiça mais episódios:
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