Copilotos de inteligência artificial fazem "melhores médicos e advogados”, mas “copiloto não é piloto”, lembra líder da Microsoft Portugal
A Microsoft aproveitou a nova vaga da Inteligência Artificial para pôr em cheque a hegemonia da Google na Internet, mas o processo ainda está no início como se confirmam as mais recentes iniciativas legislativas na UE e nos EUA. A Inteligência Artificial Generativa é uma benesse de produtividade ou vai gerar uma sangria de desemprego? Andrés Ortolá, diretor geral da Microsoft, responde no podcast Futuro do Futuro
A ficção científica começou por tornar famosos os assistentes de inteligência artificial que realizam tarefas que os humanos não podem ou não sabem fazer, mas passadas décadas desses guiões mais auspiciosos o conceito tornou-se uma realidade, como Andrés Ortolá, diretor geral da Microsoft Portugal, confirma em entrevista.
“Conceptualmente, o Copilot vai estar embebido em cada tarefa que signifique um incremento de produtividade”, prevê o gestor argentino, que assumiu há cerca de um ano a delegação da gigante do software em Portugal.
Tendo em conta que em muitas profissões metade da jornada de trabalho é perdida a executar tarefas de suporte e apoio, como a redação de e-mails ou desenho de apresentações (conhecidas por “powerpoints”), e a pesquisa de dados, Andrés Ortolá admite que os assistentes digitais que a Microsoft, recorrendo ao marketing, apelida de Copilots, “vão ajudar a fazer melhores ajudar a fazer melhores médicos e advogados”, do mesmo modo que, nos últimos anos, já começaram a facilitar a vida aos programadores na produção de linhas de código de software.
Claro que há o reverso a medalha: mal começaram a surgir os primeiros serviços baseados na Inteligência Artificial Generativa irromperam as primeiras notícias de despedimentos de pessoas que passaram a ter as funções executadas por algoritmos.
Andrés Ortolá considera que “o incremento da produtividade que a inteligência artificial vai trazer às profissões supera os potenciais riscos de algumas profissões se tornarem obsoletas”. E a título de exemplo, recorda como a Inteligência Artificial já começou a contribuir para reverter a escassez de programadores em todo o mundo.
Apesar destes benefícios, o gestor reitera a importância de manter o humano nos novos cenários laborais: “copiloto não é piloto”.
Para a Microsoft, a inteligência artificial generativa pode funcionar como a “poção mágica” que faltava para disputar a hegemonia da Internet com a Google. Ortolá não se alonga sobre o mais que provável duelo com a Google, mas reitera que a Microsoft tem acompanhado desde o início o processo legislativo com a Comissão Europeia, em torno da nova Lei (ou Ato) da Inteligência Artificial.
As conversações entre Washington e Bruxelas, em torno da livre partilha de dados entre UE e EUA estão a evoluir, refere Andrés Ortolá mantendo o otimismo para o resultado final: “não estamos a ver nenhuma indicação de que a tecnologia tenha que sofrer cortes ou alguma diminuição na UE”.
Se as previsões de Andrés Ortolá estiverem certas, possivelmente, nos próximos tempos haverá um verdadeiro “bloco ocidental” formado por EUA e UE na área das tecnologias e da Inteligência Artificial.
“Tem que haver um plano legal comum [entre EUA e UE], tem que haver um entendimento ético e de segurança comum e tem de haver um entendimento operativo comum, sobre como vai a busca de dados funcionar, como vão funcionar os modelos de indexação de dados”. Talvez a própria inteligência artificial ajude a prever o que se segue.