2006: o regresso de Cavaco e Soares, os cartoons de Maomé e a liberdade de imprensa no ano em que o Expresso mudou de cara(s)
Neste episódio de Liberdade Para Pensar vamos até 2006, ano em que o Expresso entra num novo ciclo, com José António Saraiva a deixar a direção do jornal, duas décadas depois de a ter assumido. Lá fora, radicalistas islâmicos manifestam-se, um pouco por toda a parte, contra a publicação na imprensa dinamarquesa de cartoons considerados ofensivos para o profeta Maomé. Sobre a liberdade, na imprensa em geral e no Expresso em particular, Cristina Figueiredo conversa com Henrique Monteiro, que sucedeu a Saraiva na direção do Expresso, e António, que há 49 anos assina semanalmente o cartoon do primeiro caderno do jornal
Na atualidade nacional, 2006 começa com a campanha eleitoral para as presidenciais. Jorge Sampaio deixava a Presidência ao cabo de 10 anos e o seu adversário de 1996, Cavaco Silva, candidato único da direita, aparecia como o mais que provável sucessor. Entusiasmado com a possibilidade de se desforrar uma última vez do homem de quem tanto discordara na década de 90, quando ele próprio era Presidente da República e Cavaco primeiro-ministro, Mário Soares não resiste. Apesar dos seus 81 anos, e contra a opinião de muitos dos seus mais próximos, avança para a terceira candidatura a Belém. Foi o seu Último Combate, que é também o título de um livro do então jornalista do Diário de Notícias, Filipe Santos Costa, escrito precisamente a partir do material que recolheu enquanto acompanhava o MASP3. Cristina Figueiredo conversa com o autor do livro neste episódio.
Houve outras notícias em 2006. Valentim Loureiro, o histórico presidente do Boavista e da Câmara de Gondomar, foi acusado de 26 crimes de corrupção. A SONAE lançou uma OPA sobre a PT (que nunca se concretizou). Nasceu o cartão do cidadão (que substituiu 5 cartões num só). O Expresso noticiou a existência de crianças no norte do país a fazer sapatos para a cadeia espanhola Zara (a 20 cêntimos o par) e soube-se que houve voos da CIA, com prisioneiros suspeitos de terrorismo a bordo, a fazer escala nos Açores sem que o Governo fosse informado.
É ainda o ano da morte do sérvio Slobodan Milosevic (alegadamente por enfarte do miocárdio, na prisão de criminosos de guerra, em Haia) e do iraquiano Saddam Hussein (condenado ao enforcamento). Um pouco por todo o mundo celebram-se os 250 anos do nascimento de Mozart.