André de Freitas, Vasco Elvas e um convite para fazer stand-up na Ucrânia
Em conversa com Gustavo Carvalho, no podcast Humor À Primeira Vista, abordam o convite recente para ir fazer stand-up à Ucrânia e ao Afeganistão, explicam como se vão ajudando na comédia desde os tempos de Londres e descobrimos a aventura que levou André de Freitas a abrir o espetáculo de Jim Jefferies
Ir a uma festa de sexo, visitar um vidente e, talvez no futuro, fazer stand-up na Ucrânia em guerra. São propostas que os humoristas André de Freitas e Vasco Elvas querem concretizar no podcast “Fomos Lá”. O objetivo é embarcar em experiências tabu e contar o que por lá descobriram. Antes deste projeto, conheceram-se em Londres, para onde ambos partiram com o desejo de fazer comédia. Depois de alguns anos no Reino Unido, regressaram a Portugal em fases diferentes e com propósitos distintos. André de Freitas continua a apostar numa carreira internacional, abriu recentemente o espetáculo de Jim Jefferies em Portugal e foi premiado este ano no Melbourne International Comedy Festival. Vasco Elvas tem continuado na stand-up comedy, seguiu na tour de testes “Preliminares”, de Guilherme Duarte, e é destaque nas redes sociais com sketches e vídeos que atingem milhares de visualizações.
Conhecendo o cérebro de humorista, este podcast "Fomos Lá", em que embarcam em experiências tabu, foi uma desculpa que arranjaram para fazer estas experiências? André de Freitas: Isto basicamente vem da minha amizade com o Vasco, em que constantemente faço-lhe propostas que ele nunca aceita. O Vasco, na ideia de manter a nossa amizade, diz: "Então e se fizéssemos isto". E entramos numa negociação do que seria um ponto intermédio.Vasco Elvas: Nós já falámos disto no podcast, mas o André convidou-me para ir ao Afeganistão, percebes? Eu pareço um choninhas sempre que o André diz isto, mas é tipo: "Bora à Ucrânia". São bons convites. André de Freitas: Isto são dois convites que já aconteceram mesmo. Vasco Elvas: E tu vês que são bons convites pelo fluxo de migração que existe para esses países nesta altura. Há tanta gente a querer entrar nesses países e olha o choninhas do Vasco não quer ir. E nesse sentido, como também temos essa experiência juntos em Londres, achámos que era fixe fazer um podcast de experiências e dar a conhecer coisas que tínhamos curiosidade em fazer. Como somos tão diferentes, o André é capaz de entrar logo numa experiência, sou muito mais ponderado [...] André de Freitas: Tenho de explicar primeiro de onde é que este convite da Ucrânia e do Afeganistão veio. A Ucrânia veio porque houve um produtor de stand-up, que me perguntou se queria fazer stand-up lá. Está a acontecer stand-up neste momento na Ucrânia.
Está acontecer stand-up na Ucrânia?! André de Freitas: Está a acontecer. Vasco Elvas: E uma guerra, também, não vamos esquecer, um pequeno pormenor. André de Freitas: E convidaram-me para ir atuar. Os comedy clubs estão a funcionar através de geradores e muita gente vai porque é tudo em caves e é mais seguro. É mais seguro estares no comedy club do que estares em casa. Então vai toda a gente ao comedy club porque são bunkers basicamente. O que tem acontecido é que as pessoas na Ucrânia, na verdade, têm tirado muito prazer de haver comédia a acontecer. Porque é a única forma de entretenimento leve, tendo em conta tudo o que está a acontecer. E quando me fizeram essa proposta pensei que era altamente. É mesmo uma experiência de uma vida. E gostava de fazer, ainda por cima foi na altura em que estávamos a começar o podcast.
Vocês ainda vão, então. Vasco Elvas: Não sei, não sei mesmo. Para quê? Para 15 mil visualizações? Percebes? É o quê? O que é que vai sair daqui?
Pela experiência. Vasco Elvas: Mas isso é que eu tenho medo, percebes? O retorno tem de compensar a experiência.
Mas também acho que tinhas mais do que 15 mil visualizações. André de Freitas: Tinhas muito mais. Eu acho que aparecia no telejornal. Vasco Elvas: Para já a arrogância do André, que é: "Eu tenho que fazer toda a gente no mundo rir independentemente da guerra. Portanto eu tenho que ir à Ucrânia e eles têm que se rir das minhas piadas, porque senão fico a sentir-me mal." Não é necessário, não é necessário. As pessoas estão a sofrer o suficiente, não precisam de ver má comédia minha em inglês. Se fosse era como teu câmara. Não ia atuar em inglês, já não atuo há muito tempo. E depois há o risco de levar com um míssil na cara. [...] André de Freitas: Queria mesmo ir. E não estou a pôr de parte a hipótese de ir.
E conheces humoristas que fazem o circuito europeu que tenham aceitado o convite? André de Freitas: Sim, conheço dois. Inclusive um que vai voltar. Gostou tanto da experiência.
Acham que há hecklers nessas situações? André de Freitas: Só as bombas. Vasco Elvas: Sim, se calhar há. As pessoas devem estar muito frontais. André de Freitas: Acho que vais lá e é um set super... às vezes pensava: "Que material é que vou fazer? Eu venho de Portugal". Vasco Elvas: Se calhar as pessoas querem ouvir isso, querem a vida normal. As pessoas lá não estão constantemente em pânico. Estão a viver a vida delas.
Gustavo Carvalho faz perguntas sobre comédia. O convidado responde. Sorriem… é humor à primeira vista. Oiça aqui mais episódios:
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