Expresso Imobiliário

“Há jovens que vêem o futuro castrado porque não têm a possibilidade de ir estudar para uma cidade, não têm poder de compra”

O ano de 2023 foi “deveras trabalhoso, devíamos olhar para trás e ver o que não fizemos bem, nomeadamente no que diz respeito à habitação e que tem de ser imperativamente corrigido”. É assim que Paulo Silva, diretor-geral da consultora imobiliária Savills Portugal, sumariza os últimos doze meses do sector imobiliário. A falta de alojamento para estudantes e a habitação marcaram o ano que está quase a findar, mas houve áreas como a hotelaria e a indústria e logística que tiveram um desempenho positivo. O próximo ano será de recuperação. Oiça a avaliação que Paulo Silva faz da área, no último episódio desta temporada do Expresso Imobiliário

João Ribeiro

Sonoplasta

“Há jovens que vêem o futuro castrado porque não têm a possibilidade de ir estudar para uma cidade, não têm poder de compra”

Salomé Rita

Sonoplasta

José Fernandes

“Tem havido várias tentativas relativamente ao enquadramento da área residencial. Tudo o que tem sido feito roça o desastre, quando se quer tornar um sector mais saudável, mais pujante, estão-se a procurar implementar medidas que são muito agressivas para os investidores”, explica Paulo Silva. Mesmo assim, a área da habitação continua a captar a atenção dos promotores e tem uma procura dinâmica, apesar do problema de oferta. O certo é que nunca, como em 2023, se discutiu tanto a habitação em Portugal. Falta na opinião de Paulo Silva “uma abordagem séria a um problema que é sério”. O programa Mais Habitação que apelida de “criativo”, na sua opinião, não satisfaz nem a procura, nem a oferta.

José Fernandes

A falta de alojamento estudantil também marcou 2023, já que a oferta de camas em cidades como Lisboa e Porto ficou muito aquém das necessidades. Paulo Silva explica que a promoção de habitação é mais rentável para os promotores em comparação, por exemplo, com a criação de residências universitárias. Entre a falta de camas em residências universitárias e o preço dos arrendamentos nas cidades nacionais, muitos estudantes acabam por não ter capacidade económica para viverem longe de casa, nos locais onde querem estudar. Este é não só um problema do imobiliário, mas também social. “Não estamos a criar condições dentro do nosso país para quem tem dificuldades económicas poder tomar um elevador social e deveria haver uma obrigação política de pensar nisto”, afirma Paulo Silva.

Podcast semanal em que são abordadas as mais diversas temáticas relacionadas com o Imobiliário, um sector fundamental para a economia nacional. Da habitação ao investimento, passando pela arquitetura e construção, as jornalistas Maribela Freitas, do Expresso, e Rita Neves, da SIC, convidam especialistas para refletir sobre problemas, tendências e caminhos futuros desta área.
Tiago Pereira Santos

Neste balanço de 2023, a área da hotelaria e da indústria e logística são as que melhor ficam no retrato. Já os escritórios e o investimento chumbam na avaliação. O ano que se avizinha será, nas palavras de Paulo Silva, “de recuperação”. “A nível do investimento vamos assistir a melhorias”, comenta. Já na habitação que esteve na berlinda nos últimos meses, vai ser “mais do mesmo”.

Este episódio do Expresso Imobiliário foi conduzido por Maribela Freitas e teve sonoplastia de Salomé Rita e edição de João Ribeiro.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: MFreitas.externo@impresa.pt

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