Fernando Rosas (parte 1): “A tecnologia está ao serviço das forças sinistras de regressão social. Estamos no entardecer das democracias”
Preocupado com o que chama de uma contrarrevolução da extrema direita “de natureza fascizante” a chegar ao poder no mundo Ocidental, o historiador Fernando Rosas acaba de lançar o livro “Direitas Velhas, Direitas Novas”. Académico reputado, foi preso político, torturado pela PIDE e viveu durante anos na clandestinidade. É com ceticismo que olha para o cavalgar das direitas mais radicais, herdeiras dos fascismos do passado, potenciadas agora pelos donos dos algoritmos das redes sociais que fazem ganhar eleições. Fernando Rosas alerta para os perigos do “sonambulismo social” e da “banalidade do mal”: “Está a ser criado um novo mundo cão. As forças progressistas e humanistas devem preocupar-se com esta tecnocracia violenta e resistir.” Ouçam-no na primeira da conversa com Bernardo Mendonça
O mundo parece por vezes avançar em marcha atrás, para arrepios sombrios, desumanos e distópicos. Com a recente tomada de posse de Donald Trump, que volta a ser Presidente dos EUA - a indecência e o ódio ganham novo fôlego e o poder económico de uma tecno-oligarquia milionária passa a estar sentada com ele à frente de uma das maiores nações do mundo.
Ninguém sabe bem o que vem aí, mas certo é que podemos aprender com os grandes males e horrores que aconteceram lá atrás.
José Fonseca Fernandes
O historiador e professor Fernando Rosas afirma que quase aos 80 anos se sentiu na obrigação de regressar ao estudo histórico dos fascismos e dos seus mais recentes sucedâneos neofascistas, debruçando-se sobre as direitas velhas e as direitas novas.
E nesta conversa em podcast dá conta do que aproxima o fascismo canónico dos anos 1920 a 1945 das novas e emergentes formações de extrema-direita da Europa Ocidental, suas fiéis herdeiras. Uma matéria que desenvolveu no seu último livro “Direitas Velhas, Direitas Novas”, editado pela Tinta da China.
José Fonseca Fernandes
Certo é que o neofascismo chegou ao poder na última década em vários países na Europa, como em Itália ou na Hungria, e tem ganho expressão em muitos outros países, como é o caso de Portugal, com um partido de extrema direita criado em 2019 que já tem 50 assentos no Parlamento.
José Fonseca Fernandes
Que semelhanças e inspirações têm estas novas forças políticas de extrema direita com os regimes fascistas do passado? O que é que os alimenta e a quem interessam? E o que importa fazer e refletir para os combatermos, em democracia? Estas são algumas das perguntas lançadas logo no arranque da primeira parte deste episódio.
José Fonseca Fernandes
Neste aparente momento de transição, que liberdades estão agora em risco e que papel as esquerdas democráticas e antifascistas - mas também as direitas democráticas e antifascistas- podem e devem ter na sociedade para resistir e derrotar as ameaças da extrema direita? Que equívocos, engodos e ilusões importa desmontar?
É o que este historiador, que chegou a ser deputado e candidato à Presidência da República, tenta responder.
José Fonseca Fernandes
A segunda parte desta conversa fica disponível na manhã deste sábado.
José Fonseca Fernandes
Como sabem, o genérico é assinado por Márcia e conta com a colaboração de Tomara. Os retratos são da autoria de José Fernandes. E a sonoplastia deste podcast é de João Ribeiro.