A Beleza das Pequenas Coisas

Fado Bicha: “Se Portugal está no armário? Sim. É o país dos modestos e moderados”

Se a cantiga é uma arma, eles são uma bazuca. Uma bazuca musical arco-íris disparada sem pedir licença para ocupar um espaço no meio tradicional do fado. E têm a mira apontada contra a homofobia, transfobia, bifobia e todas as formas de discriminação como o racismo e machismo. Eles são o Fado Bicha, Tiago Lila ou Lila Fadista na voz e João Caçador na guitarra elétrica, que há quatro anos assumiram o lado mais ‘queer’ do fado. E passaram a cantar as feridas, desejos e lutas de uma diversidade de pessoas LGBTI+ que até há pouco tempo não apareciam no retrato nem nas canções. Há quem os adore e quem os odeie. Não fazem música para deixar os outros indiferentes. “É bom quando a arte causa desconforto no público e uma ação”, considera João Caçador. “Já houve pessoas a dizer-nos que sentiam que estávamos a fazer justiça poética por elas em palco", afirma Lila. O disco de estreia desta dupla, previsto para 2020, ficou adiado por causa da pandemia, mas entretanto agigantou-se para 18 faixas e já tem nome: “Ocupação”. Ocupem o vosso tempo a ouvi-los

Fado Bicha: “Se Portugal está no armário? Sim. É o país dos modestos e moderados”

Tiago Miranda

Fotojornalista

Fado Bicha: “Se Portugal está no armário? Sim. É o país dos modestos e moderados”

José Cedovim Pinto

Jornalista Multimédia

Este episódio é uma viagem a muitos lugares, pessoais e profissionais, que levaram Tiago Lila e João Caçador ao projeto musical disruptivo Fado Bicha e ao momento em que estão. Quatro anos depois, com cerca de 250 concertos dados pelo país e mundo, muitos videoclipes gravados, preparam a gravação do seu primeiro disco a que deram o nome de “Ocupação”.

Nesta conversa é perguntado à dupla se a cantiga é mesmo uma arma e se as canções com cariz mais político e ativista aproximam e atraem mais aliados/as ou se podem abrir mais trincheiras. E se uma canção pode mesmo transformar uma pessoa, um grupo, uma cidade, um país, o mundo? O que é história - e isso ninguém lhes tira - é que chegaram sem pedir licença ao meio tradicional do fado e assumiram o lado ‘queer’ e não heteronormativo que o fado não cantava. E isso é revolução musical.

E como conta aqui Lila Fadista, tudo começou porque um dia quis cantar fado, decidiu ir aprender numa escola que ensinava a canção hino portuguesa e não se reviu na rigidez de género desse meio. “Essa música não podes cantar porque é de mulher. Fala do amor por um homem”, chegaram a dizer-lhe. Como é que o meio do fado tem lidado com a sua existência ao longo destes quatro anos? E a comunidade LGBTI+? É o que vão ouvir neste episódio.

Sobre as ofensas que receberam ao longo deste tempo, João Caçador chega a dizer: "O ódio com que algumas pessoas reagem ao 'Fado Bicha' tem mais a ver com elas do que connosco."

Este é um episódio especial não só pela longa conversa, que passa num instante, como pelos vários momentos musicais tocados e cantados em estúdio. Onde não faltam momentos mais íntimos e pessoais de cada um, que nos fazem conhecer esta dupla um pouco melhor.

Mais uma vez, a edição áudio é do José Cedovim Pinto, a fotografia é do Tiago Miranda, e o genérico é uma criação original do músico Luís Severo.

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Até para a semana, pratiquem a empatia, boas escutas e ...boas conversas!

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