3 abril 2020 12:24
Nas últimas eleições legislativas o médico neurologista Bruno Maia esteve por um triz para ser eleito deputado do BE pelas listas do Porto. Defensor de causas que têm dividido a sociedade, como a despenalização da morte assistida ou a legalização da canábis, está a poucos dias de avançar para a frente de batalha, a unidade de cuidados intensivos do Hospital de São José, em Lisboa, onde estão os casos graves com covid-19. Bruno Maia defende um “SNS forte para travar a pandemia” que está a atingir o país e o mundo e confessa: “tenho medo do colapso do sistema de saúde”
3 abril 2020 12:24
Em tempos, o médico neurologista Bruno Maia descreveu-se no Twitter como “neurologista, esquerdalho, nadador, gay, ateu, portista”. Mas passou agora a uma apresentação mais simples: “Médico neurologista, intensivista em exclusividade voluntária no SNS.” A poucos dias de passar a integrar a equipa médica da zona de cuidados intensivos do Hospital de São José, em Lisboa, para tratar os casos mais críticos de doentes infetados com a Covid-19, Bruno Maia disponibilizou-se a ter esta conversa de forma presencial na sala de podcasts do Expresso, para esclarecer muitas das questões que ainda geram dúvidas nos portugueses.
Defensor acérrimo do SNS, Bruno chega a afirmar que "devíamos estar a fazer testes da covid-19 ao máximo da população possível, e não só em lares de idosos, tal como é a recomendação OMS. Tem de haver esse esforço. O Estado deve requisitar [mais] testes nos laboratórios privados. Que devem estar ao serviço da população. Estamos em pandemia, não estamos em tempos normais. Claro que não há capacidade em nenhum país do mundo de se fazer atualmente testes a toda a população. Porém, quanto mais testes se fizerem, menos letalidade haverá, vai permitir identificar mais infeções e logo haverá menos contágios. Porque as pessoas identificadas com o vírus serão referenciadas para uma quarentena. E nem para compras poderão sair de casa."
Nas suas redes sociais, Bruno escrevera o seguinte: “Porque é que em vez de construirmos hospitais improvisados, instalando tendas nos campos de futebol do parque universitário, não requisitamos os hospitais privados, como fez a Irlanda, onde os doentes poderão ficar mais seguros e resguardados?”
O médico insurgiu-se também com o recente falecimento do jovem de 17 anos nos EUA a quem lhe foi negado cuidados de saúde por não ter seguro. E questionou: “Queremos isto para nós? Se não queremos, então coloquem lá no SNS o dinheiro que ele precisa e parem de despejar 40% do orçamento da saúde nos privados, por favor.”
Agora que Portugal está na fase de mitigação, que acaba de entrar no seu mês mais crítico, e em que as medidas de confinamento vão mesmo apertar na Páscoa, como declarou António Costa, Bruno Maia reflete nesta conversa em podcast sobre o que tem sido feito e o que ainda falta fazer para evitarmos o inferno do pior cenário - o colapso do SNS em plena pandemia. Falou-se ainda de outros temas, como a morte medicamente assistida, a recente legalização da canábis. E ainda nos deu música.
Mais uma vez, a edição áudio é da Joana Beleza. E, como habitual, o genérico desta temporada é uma criação original do músico Luís Severo.
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Voltamos para a semana. Até lá, pratiquem a empatia, protejam-se, fiquem em casa sempre que puderem, ajudem quem mais precisa, e boas conversas!
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