24 abril 2020 12:31
Ele é o bastonário de uma ordem criada em 2008 que conta com 22 mil inscritos, a ordem dos psicólogos. Uma profissão muito procurada por altura dos incêndios, em 2017, para apoio psicológico e agora, nesta crise pandémica, a procura voltou em força. Se é certo que a covid-19 está a provocar um impacto emocional em todos os portugueses e que a venda de antidepressivos e ansiolíticos disparou em março, Francisco Miranda Rodrigues alerta que “este novo normal terá consequências diferentes para uns e outros.” Para ouvir neste episódio do podcast A Beleza das Pequenas Coisas”
24 abril 2020 12:31
Logo no arranque desta conversa, feita em modo presencial na sala de podcasts do Expresso, com a devida distância social, Francisco Miranda Rodrigues deixa claro que, apesar dos efeitos do confinamento terem impactos diferentes para uns e outros, “ninguém está a salvo.” E vai mais longe:
“Aliás nas coisas que têm a ver com a nossa saúde psicológica, ninguém está. Nós às vezes achamos que [esses problemas] só acontecem aos outros. Como achamos o mesmo relativamente a outros problemas de saúde física. Há é pessoas que têm algumas competências e fatores de protecção que mais facilmente podem fazer com que elas resistam com menor sofrimento. E que se adaptem mais rapidamente ao que estamos a viver. Essa é uma das coisas que diferencia muito uns e outros. Mas quando falo de fatores protetores não me refiro só a coisas internas, mas também de coisas externas. Ou seja, podemos estar a falar de habitação, por exemplo. E a habitação e a qualidade da habitação que nós temos pode ser um fator protetor ou um fator que aumente o risco.”
Outro fator de risco para a saúde que este confinamento veio trazer é a solidão. Ou a nova solidão criada pela covid-19, já que quase um milhão de portugueses vive sozinho segundo dados do INE. “A solidão é algo que esta crise vem acentuar para muita gente. E já é conhecido o efeito da solidão em termos de saúde psicológica e geral. Os impactos da solidão são ainda muito negligenciados em termos de impacto na saúde. São muito maiores os impactos que a solidão tem na saúde de uma pessoa do que por exemplo os impactos da obesidade. E, no entanto, em Portugal há um investimento muito maior no combate à obesidade, do que a combater a solidão das pessoas. “
Francisco Miranda Rodrigues fala de muitas outras armas para combater os efeitos do confinamento e desta pandemia e alerta para outra crise. A falta de psicólogos no Serviço Nacional de Saúde, que impede que muitos portugueses tenham acesso a esses serviços, já que nem todos podem pagar por uma consulta fora do SNS. “Temos falta de psicólogos no SNS, mas não temos falta de psicólogos no mercado. Existem mais de 20mil em Portugal, não existem é essas vagas no SNS.”
E ainda fala de séries, de sonhos e, como é habitual, dá-nos música.
Mais uma vez, a edição áudio é da Joana Beleza. E, como habitual, o genérico desta temporada é uma criação original do músico Luís Severo.
Mantemos o desafio a todos os ouvintes para que enviem as suas opiniões, sugestões, histórias e comentários para o seguinte email: abelezadaspequenascoisas@impresa.pt
Voltamos para a semana. Até lá, pratiquem a empatia, protejam-se, fiquem em casa sempre que puderem, ajudem quem mais precisa, e boas conversas!
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