O principal elogio a Isabel II é ter sido testemunha de um século. Teve de viver 96 anos, no que terá mérito, e ser filha do senhor Alberto Frederico Artur Jorge. Numa monarquia constitucional, a pessoa que se senta no trono é apenas a que tem a cabeça onde se pousa a coroa. Se as suas qualidades fossem relevantes teria de ser eleita. Só tem de saber anular-se. Mas os media transformaram a família real numa espécie de Kardashian sem implantes
Quero dizer, antes de tudo, que tenho pela cidadã Elizabeth Alexandra Mary todo o respeito. Lamento o seu falecimento e saúdo a sua longa vida. Mas quem tenha acompanhado a alucinação mediática dos últimos dias, em que em nome das audiências se finge que é jornalismo o que é mero entretenimento, reparará que o principal elogio à Rainha Isabel II é ter sido testemunha de um século. No Reino Unido, de Churchill e Truss, passando por Attlee, Thatcher ou Blair. No mundo, de Estaline a Putin, de Truman a Biden, de Auriol a Marcon. Viu a história da primeira fila, disse-se. O que teve de fazer para o ver? Viver 96 anos, no que terá algum mérito seu. E ser filha do senhor Alberto Frederico Artur Jorge. Dizem que lidou com algumas destas pessoas. Reuniu e tomou chá com elas. Quem lidou foram os pares destes políticos, fossem eleitos ou ditadores.
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