Bom dia.
Primeiro foi o choque da notícia, acompanhado pelas imagens quase imediatas.
Depois, o violento descarrilamento em Lisboa foi ganhando contornos de tragédia à medida que a passagem das horas acentuava a dureza das consequências, com o número de vítimas em constante atualização.
Menos de dois dias depois do desastre, as vítimas começam finalmente a ter rosto, cartão de identidade e nacionalidade.
Surgem os vídeos dos instantes seguintes. Repetem-se os testemunhos de quem assistiu e não queria acreditar. Multiplicam-se as avaliações técnicas para algo nunca visto ou sequer equacionado. E, no entanto, ainda há tanto por explicar.
É por aí que seguimos com os destaques da edição do Expresso que já está nas bancas. Comecemos pela capa do Primeiro Caderno.
Nesta edição revelamos que, apesar do aumento constante de passageiros, o investimento da Carris na manutenção dos ascensores não foi reforçado. Mesmo com um crescimento de 53% no número de utilizadores entre 2022 e 2025.
Conferimos os dados e contas da empresa municipal e confirmamos, num outro relatório, que a entidade contratada para a manutenção realizou uma avaliação das condições de funcionamento do elevador da Glória no próprio dia do descarrilamento, sem nada a registar.
Que terá acontecido? Ao Expresso, especialistas explicam que “esta tragédia só acontece perante a falência de vários sistemas”. Nada considerado normal ou previsível, tendo em conta a forma de funcionamento de um equipamento com 140 anos.
Embora, no plano político, já haja quem admita vir a pedir consequências políticas para Carlos Moedas, o tempo ainda passa pelos pedidos de esclarecimentos e pelos retratos do que aconteceu no fim da tarde de quarta-feira.
“Uma criança começou a chorar. Pensámos que estava órfã” – o testemunho de Farid Shovo, imigrante bengali que, com um amigo, foi dos primeiros a dar colo a um menino alemão que perdeu o pai. Um choro a quebrar o silêncio do choque, como testemunhou ao repórter Rúben Tiago Pereira.
O auxílio no terreno foi eficaz, com bombeiros e outras forças de socorro a acudir em poucos minutos.
Nos hospitais, o apoio médico foi assegurado por profissionais que não estavam de serviço e acorreram a socorrer as vítimas. Num dia em que, em Santa Maria, o maior hospital do país, e São José havia apenas um ortopedista de escala.
Os planos de resposta a catástrofes foram acionados.
As investigações prosseguem. PJ, PSP e Ministério Público continuam no terreno. Os trabalhos de remoção do elevador da Glória decorreram, pela noite dentro, nas últimas horas.
Para hoje, prometem-se as primeiras conclusões do gabinete de investigação e prevenção de acidentes ferroviários. Não perca, aqui, a atualização permanente.
Outras notícias a marcarem esta edição, a começar pela manchete:
Reitor da Universidade do Porto denuncia pressões para facilitar entradas em Medicina. António Sousa Pereira revelou ao Expresso ter sido pressionado por “pessoas influentes” para admitir alunos que não reuniam os critérios para aceder à licenciatura. O ministro da Educação chegou mesmo a contactar o reitor.
Traficantes aumentam ameaças sobre fiscais dos portos. A denuncia é feita pelos sindicatos que representam os inspetores das alfândegas. Referem “grande pressão”, ameaças e intimidação por parte dos cartéis, um tema que preocupa PJ e SIS.
Há concelhos com 1500 crianças à espera de vaga no pré-escolar. É o retrato de um problema que afeta 12 mil crianças entre os 3 e os 5 anos em dezenas de municípios.
Na politica, José Luís Carneiro obriga autarcas a pacto anti-Chega. Os candidatos socialistas às autárquicas vão assinar um compromisso para impedir coligações pós-eleitorais com os eleitos de Ventura e assim marcar a diferença para o PSD.
Orçamento do Estado. Com as negociações a arrancarem no Parlamento, há uma conclusão evidente: o Governo mantém rédea curta e controla a despesa com recorde de cativações.
Como votaram os portugueses nas legislativas? traçamos um retrato no primeiro estudo pós-eleitoral e falamos do processo de decisão e de transferência de votos. As mudanças chegaram pelo voto jovem e pela abstenção e inverteu-se a tendência do voto de última hora.
O estudo do ICS e do ISCTE antecipa ainda cenários presidenciais. Em caso de confronto entre Gouveia e Melo, Marques Mendes, Seguro e Ventura, a vantagem está do lado do Almirante.
No mapa autárquico, paragem na Amadora e na proposta de Suzana Garcia para a Cova da Moura. Destacam-se as reações de moradores à passagem das caravanas.
Lá por fora, brasileiros mostram-se divididos sobre as hipóteses de amnistia a Bolsonaro. Até onde vai a força da extrema-direita? a pergunta que chega do Brasil.
A exibição de poder em Pequim. No encontro que juntou os líderes da China, Rússia e Coreia da Norte, Xi Jinping exibiu as armas mais modernas do seu arsenal. Uma espécie de acerto de contas com a história ocidental. Enquanto isso, a corrida ao rearmamento mundial aumenta.
Para a semana, a China é um dos destinos de uma viagem do primeiro-ministro português.
Na Ucrânia, o Expresso teve acesso ao local onde são mantidos os prisioneiros de guerra russos. Tome nota do testemunho: “pedi ajuda, disseram-me para rastejar sozinho”.
E para algo completamente diferente: sabia que a melhor carne é a do peixe que morre feliz? Falamos de bem estar animal, mesmo daquele que chega à sua mesa.
Seguimos para o Caderno de Economia.
Há uma nova linha de crédito para verbas da habitação que as autarquias podem utilizar até 2030. O BEI disponibiliza 1340 milhões de euros.
O Expresso explica como funciona e qual é o alcance do instrumento que permite financiar projetos de arrendamento acessível.
Estado só executou 44% do dinheiro do PRR para a floresta. O atraso põe em causa a prevenção e combate aos fogos.
CIP quer reforçar valor do salário variável na lei. Antecipamos assim o regresso do debate sobre as alterações à lei laboral na Concertação Social. E lembramos que estas negociações se fazem a olhar para o que aí vem no OE.
Fundos imobiliários não cresciam tanto há 24 anos. Valor sob gestão volta a bater recorde e explicamos porquê.
Central solar da BP prevê abate de 464 azinheiras em Castelo Branco. O investimento de mais de 240 milhões ainda aguarda autorização da Agência para o Ambiente.
O CEO é o limite. Uma das maiores empresas do país apostou numa liderança bicéfala. Uma gestão que “fortalece e consolida” decisões, nas palavras de um dos protagonistas. Um trabalho aos bastidores sobre a liderança da GALP.
Lá por fora, um retrato da crise em França que deixa a zona euro sob pressão.
E assim chegamos ao suplemento Ideias
A guerra de Trump com a Justiça americana.
A luta política do Presidente dos Estados Unidos chegou às sociedades de advogados e ultrapassou fronteiras de separação de poderes, como nunca tinha acontecido.
Merece reflexão no caderno Ideias num ensaio assinado por Bruno Ferreira.
E continuamos a falar de Trump. “As concessões a Putin só fazem Trump parecer fraco” – a conclusão é de Steven Pifer, investigador e ex-embaixador dos EUA na Ucrânia. A entrevista para ler esta semana.
Conheça ainda o perfil de Abu Shabab, o homem que criou um clã que ameaça o Hamas e saiba porque é considerado um agente israelita.
Tome nota dos destaques da Revista
A história do tempo.
Quantas vezes teve a tentação de olhar para o relógio desde que acordou? A começar pelo alarme que o terá despertado, até à contagem dos minutos para cumprir o seu ritual de todas as manhãs e mesmo enquanto ia percorrendo esta newsletter?
Há séculos que adotamos um sistema de divisão do tempo: dias, horas, minutos, segundos… Vale a pena revisitar a história deste e de outros tempos. Um trabalho da jornalista Ana Soromenho.
Quando o perigo vem do céu. Conheça a rota dos meteoros e asteroides que ameaçam a terra.
Antiwokismo: o império contra-ataca. A guerra contra a chamada corrente woke surge, em Portugal, sob a forma de dois livros que procuram contrariar uma agenda que nunca foi consensual.
O guia de Portugal faz cem anos. Lembramos as opções do escritor e jornalista Raul Proença e as reações que provocou.
Entrevista a Alexandre Lefebvre: “Liberalismo e democracia estão a divorciar-se” – o pensamento do professor de Política e Filosofia do Canadá, autor de um livro que já foi considerado o melhor de 2024.
David Byrne tem um novo trabalho. Who is the Sky? É o nome do álbum do músico que fez carreira nos Talking Heads. Venha daí à descoberta.
Já vai longa esta lista de sugestões a olhar para a edição semanal do Expresso nas bancas.
Estes e outros temas com o rótulo de Exclusivo podem ser encontrados a toda a hora no nosso site. Não perca ainda os podcasts do Expresso.
Continue informado, tenha boas leituras, uma ótima sexta-feira e um excelente fim de semana!
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