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Quem se quer juntar ao agricultor

Quem se quer juntar ao agricultor

Pedro Candeias

Subdiretor

Cara leitora, caro leitor

Vamos lá recapitular:

  1. Medo da imigração? ✅
  2. Referendo ao aborto? ✅
  3. Negar as alterações climáticas? ✅

Numa semana apenas, a Aliança Democrática (AD) trouxe para a mesa três temas que toda a gente considerava arredados das linhas programáticas deste movimento político de direita democrática.

Porém, aconteceu; de forma voluntária ou involuntária, pensada ou irrefletida, a verdade é que aconteceu. E ainda que nenhum destes momentos sejam da exclusiva responsabilidade de Luís Montenegro, isto tem forçado o líder do PSD a recentrar os disparos disparatados de alguns parceiros da coligação. Há, no mínimo, alguma descoordenação na AD.

Assim, depois de Eduardo Oliveira e Sousa, ex-presidente da CAP e candidato do PSD por Santarém, ter atirado os estudos e as evidências científicas para as urtigas, lá veio Montenegro outra vez desvalorizar “divergências”, garantindo que a AD está “comprometida” com o “clima” e com o “ambiente”. Oliveira e Sousa poderia ter ido por outro caminho, talvez alertar para os problemas que a transição energética pode ou não trazer ao seu setor e dizer algo como: As questões dos agricultores têm de ser ponderadas.

[Se procura clareza e se quer realmente saber o que propõem os partidos nos seus programas eleitorais para os mais variados setores da sociedade portuguesa, siga esta série de trabalhos completíssimos da nossa redação: chamámos-lhes os Grandes Temas da Campanha.]

É possível então que Durão Barroso apareça esta noite em Santa Maria da Feira a passar um pano pela nódoa e defender o combate às alterações climáticas, tal como Assunção Cristas foi dar voz às mulheres depois da argolada de Paulo Núncio no tema da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG).

Recordemos que Barroso, que publicou um artigo no jornal “Nascer do Sol” a garantir que uma eventual futura geringonça seria o “governo mais esquerdista de sempre”, fez em 2023 a defesa férrea do combate às alterações climáticas no Expresso.

Como nas trapalhadas anteriores da AD, Pedro Nuno Santos (PS) alertou para o que entende ser o reacionarismo da Aliança Democrática. Falou de “negação climática”, de “andar para trás”, expressões semelhantes às usadas por Mariana Mortágua (Bloco de Esquerda) e Inês Sousa Real (PAN) e Paulo Raimundo (CDU).

[Três sugestões para acompanhar as legislativas: o comparador de programas, o jogo multimédia “Espelho Meu, Há Algum Partido ou Político Como Eu?” e umt rabalho de dados que nos diz quem interrompeu e falou mais durante os debates]

Ou seja, à estratégia da colagem da AD aos tempos da troika e de Pedro Passos Coelho, junta-se o ataque ao conservadorismo. Já Rui Tavares (Livre), um dos políticos que mais fala no ambiente, teve de preocupar-se em corrigir o que dissera na véspera, quando falou em diálogo com a “direita democrática”, levando a um arrufo com Mariana Mortágua.

Agora, outras notícias:
Madeira. Miguel Albuquerque pediu para ser ouvido pelo Ministério Público, mas a Justiça ainda não lhe disse nada.

Açores. Em São Miguel, onde decorre o Congresso dos Magistrados do Ministério Público, a Procuradora-Geral da República Lucília Gago deixou subentendido que o seu tempo à frente do organismo que tutela acabará em outubro, quando termina o seu mandato.

Rússia. O funeral de Alexei Navalny realizou-se esta sexta-feira, em Moscovo, sob uma enorme tensão dada a forte presença policial no local.

Gaza. Um ataque matou 100 palestinianos junto a um camião de ajuda humanitária. A União Europeia pediu uma investigação, António Guterres disse-se “chocado” e Israel disse que os militares estavam a garantir a segurança.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: pmcandeias@expresso.impresa.pt

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