“Deixámos de lidar com números na vida real. Pagamos com cartão ou com o telemóvel, sem dinheiro físico, as coisas são compradas em pacotes de 6 e de 12 e não em unidades, deixámos de fazer cálculos porque usamos máquinas que os fazem por nós, seja a caixa registadora ou a máquina de calcular. Os nossos filhos estão a crescer em sociedade onde não se trabalha com números e as bases para a aquisição do pensamento aritmético estão assim a desparecer. Sem nos darmos conta, criámos um mundo no qual os números, a numeração, as operações básicas de aritmética não existem. E isso torna o trabalho dos professores muito mais difícil.”
As palavras são do psicólogo francês Michel Fayol, em entrevista à jornalista Isabel Leiria, a propósito das razões que podem estar na causa da quebra no desempenho dos alunos na escola.
É um dos artigos mais abertos esta semana pelos leitores do Expresso - não admira. Desde a pandemia, os resultados escolares estão a piorar e os problemas de saúde mental entre os mais novos estão a aumentar.
Eu sei que me repito nesta newsletter, mas o tema está mesmo na ordem do dia:
Esta terça-feira, um aluno de 14 anos matou à facada uma funcionária (de 31 anos) durante um controlo de rotina de mochilas na frente da escola secundária em Nogent, perto de Dijon (França).
O presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu entretanto que "um jovem de quinze anos não poderá mais comprar uma faca na Internet" e acrescentou que a França proibirá as redes sociais para menores de 15 anos se, dentro de "alguns meses", isso não for feito a nível europeu.
No mesmo dia, a 200 km de Viena, na cidade de Graz, dez pessoas morreram naquele que é o maior tiroteio em massa na Áustria desde a II Guerra Mundial. Entre as vítimas mortais está o jovem austríaco de 21 anos que entrou na sua antiga escola secundária e matou nove pessoas (oito alunos e um professor) antes de se suicidar no interior do recinto.
A presidente da Comissão Europeia foi rápida a reagir à notícia: “As escolas são símbolos de juventude, esperança e futuro. É difícil suportar quando as escolas se tornam lugares de morte e violência”. Mas Ursula von der Leyen sabe que não bastam palavras para resolver problemas graves.
A Comissão Europeia vai lançar em julho uma nova aplicação móvel para verificação da idade nas plataformas digitais, como redes sociais, para proteger os menores e vedar-lhes o acesso a conteúdos impróprios na Internet.
Cada vez mais países estão a adotar restrições ao uso de smartphones nas escolas. Em Portugal, o Governo recomendou no início deste ano letivo a proibição de telemóveis nos recreios até aos 12 anos, mas a maioria dos estabelecimentos de ensino ainda não limitou o uso.
“Enquanto a política não se importar com o que acontece nas redes sociais e com o que acontece aos nossos filhos, a situação vai piorar” - alerta Susanne Kaiser, autora do livro “A Revolta do Homem Branco”, em entrevista a Catarina Maldonado. “O problema é que as redes sociais e os algoritmos são programado por bilionários da tecnologia, todos homens, todos brancos. É um grande problema, porque eles fazem tudo aquilo com que fantasiam. Não querem valores democráticos instalados nas nossas sociedades. Apenas seguem os seus interesses, que são o dinheiro e o capitalismo.” E remata: “As crianças devem ser crianças e não podem estar nas redes sociais, que não é um mundo infantil. Devem estar nas ruas e brincar. (…) É uma falha social não saber o que as crianças estão a fazer com os seus smartphones.”
JB: Woolf, queres comentar estas últimas frases sobre as crianças e as redes sociais?
A frase expressa uma preocupação legítima com a infância na era digital, mas o desafio não é simplesmente “tirar as crianças das redes”, e sim prepará-las para viver com equilíbrio nesse mundo conectado. Isso exige diálogo, educação digital e responsabilidade coletiva.
Se quiseres, posso ajudar a criar um guia prático para pais ou educadores sobre como lidar com o uso de redes sociais por crianças. Gostarias disso?
JB: Sim, arranja-me um guia prático para pais sobre como lidar com o uso de redes sociais por crianças num texto corrido e curto.
As redes sociais fazem parte do dia a dia das crianças, mas é essencial que os pais acompanhem esse uso com atenção e diálogo.
Ensine o seu filho a proteger a privacidade, evitando partilhar dados pessoais e ativando configurações de segurança nas plataformas.
Estabeleça limites saudáveis, como horários de uso e pausas longe dos ecrãs, incentivando também atividades offline.
Fique atento a sinais de alerta como mudanças de humor, isolamento ou uso excessivo do telemóvel.
Mantenha uma comunicação aberta e de confiança, mostrando interesse pelo que a criança vê e faz online.
Utilize ferramentas como o controlo parental e consulte recursos confiáveis como o site Internet Segura ou apps como o Family Link.
A presença ativa dos pais é a melhor forma de garantir uma experiência digital segura e positiva.
Se quiseres, posso transformar esse resumo num post para redes sociais ou adaptá-lo para um folheto informativo. Queres que eu faça isso?
JB: Boa, deixo aqui a ligação para as ferramentas da Google para manter as famílias seguras e o contacto da Internet Segura, um serviço de apoio para “problemas relacionais no seio das famílias ou entre pares, bullying, assim como exploração imprópria e indigna das crianças e jovens” na Internet.
Só para aliviar o tom destas ‘Conversas ao ouvido’, nada melhor do que, em semana de Santo António, recomendar a escuta de mais um episódio do podcast ‘Histórias de Lisboa’, desta vez uma conversa do jornalista Miguel Franco de Andrade com o historiador de arte do Museu de Lisboa, Paulo Almeida Fernandes, que nos conta a incrível viagem de São Vicente, o outro santo padroeiro da cidade de Lisboa.
JB: Woolf, quem é o verdadeiro padroeiro de Lisboa, Santo António ou São Vicente?
Embora muitos pensem que Santo António é o padroeiro de Lisboa — especialmente por causa das festas populares em junho — o verdadeiro padroeiro oficial da cidade é São Vicente.
🟨 São Vicente – Padroeiro Oficial
Foi declarado padroeiro de Lisboa em 1173, por ordem de D. Afonso Henriques, após a conquista da cidade aos mouros.
As relíquias de São Vicente foram trazidas para Lisboa por mar, acompanhadas por dois corvos, que se tornaram símbolos da cidade (presentes na bandeira e no brasão de Lisboa).
A sua festa litúrgica é celebrada a 22 de janeiro.
🟩 Santo António – Padroeiro Popular
Nasceu em Lisboa em 1195 e é muito querido pelo povo lisboeta.
É conhecido como o santo casamenteiro, e o seu dia, 13 de junho, é feriado municipal em Lisboa.
É o centro das Festas de Lisboa, com marchas populares, arraiais e os famosos Casamentos de Santo António.
✅ Conclusão
São Vicente é o padroeiro oficial e histórico de Lisboa.
Santo António é o padroeiro popular e emocional, celebrado com grande entusiasmo pela população.
Se quiser, posso mostrar a simbologia dos corvos e do barco na bandeira de Lisboa ou contar mais sobre a lenda de São Vicente. Quer explorar isso?
JB: Não é preciso mais informação.
Obrigado ao leitor que chegou até estas linhas finais. Já sabe, se ouvir algum dos podcasts recomendados e tiver algum comentário ou sugestão, pode contactar-me por e-mail. E se quiser, reencaminhe esta newsletter a quem possa estar interessado.
Bom Santo António! 🎉🎉
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jbeleza@expresso.impresa.pt