Biden ganha primárias no Nevada, Nikki Haley desilude mesmo sem a concorrência de Trump
Apoiantes do Presidente Joe Biden durante um ato de campanha para as primárias do Partido Democrata no Nev
Mikayla Whitmore/Getty Images
Presidente americano, que não tem concorrência relevante, teve um bom resultado no Nevada. Do lado opositor, a opção “nenhum destes candidatos” foi a mais votada, embaraçando Nikki Haley, a única candidata a fazer frente a Donald Trump, que escolheu não participar
O Presidente dos Estados Unidos venceu, terça-feira, as primárias do Partido Democrata no Nevada, poucos dias após ter conquistado na Carolina do Sul a primeira vitória oficial na corrida à indicação para as presidenciais deste ano. Sendo um chefe de Estado recandidato, Joe Biden não enfrenta concorrência que ponha em causa a sua nomeação.
A projeção foi avançada pela imprensa americana pouco menos de duas horas após o encerramento das urnas. Com 70% dos votos contabilizados, o Presidente vencia com cerca de 89,6% dos votos. A opção “nenhum destes candidatos” surgia num distante segundo lugar, com cerca de 5,7%.
Biden dividiu o boletim de voto com nomes como Marianne Williamson, autora de livros de autoajuda, que conseguiu 2,7% dos votos. O congressista Dean Phillips, do estado do Minnesota (centro-oeste), não apresentou a candidatura e, por isso, não constou como opção.
Kennedy Jr. passa a independente
Um adversário que poderia causar alguma preocupação a Biden, o ativista Robert F. Kennedy Jr., decidiu abandonar as primárias democratas e candidatar-se à Casa Branca como independente. A vitória no Nevada dá ao Presidente os 36 delegados à convenção do partido que esse estado atribui. Para ser oficialmente proclamado candidato presidencial democrata, precisará de cerca de 2000 delegados nesse conclave, marcado para 19 a 22 de agosto em Chicago.
Ao ter conhecimento da vitória, Biden manifestou satisfação numa declaração em que valorizou os seus eleitores. “Os democratas do Nevada representam a nossa diversidade, a espinha dorsal da nossa nação”, afirmou.
“Os Estados Unidos foram construídos sobre uma ideia: a ideia de que todas as mulheres e homens são iguais”, prosseguiu o Presidente. A seu ver, essa promessa “nunca esteve em maior risco do que agora”. “Donald Trump está a tentar dividir-nos, não a unir-nos. E a arrastarmo-nos para o passado, distanciando-nos de um futuro promissor”, acrescentou.
No passado sábado, Biden já obtivera outra grande vitória na Carolina do Sul, onde recebeu cerca de 96% dos votos na primeira disputa oficial das primárias democratas. No final de janeiro, venceu também no New Hampshire, uma eleição simbólica para a qual não fez campanha e na qual não foram atribuídos delegados.
Festa da vitória de Donald Trump nas pimárias de New Hampshire, num hotel em Nashua
A opção “nenhum destes candidatos” teve mais votos do que Nikki Haley
Já do lado Republicano, a opção “nenhum destes candidatos” foi a mais votada pelos eleitores do partido nas primárias do Nevada. É um resultado embaraçoso para Nikki Haley, única candidata com peso mediático a ir às urnas, devido à ausência de Donald Trump.
A antiga embaixadora dos Estados Unidos na ONU optou por cumprir a lei estadual e participar nas primárias republicanas, ao contrário do ex-Presidente, que, aproveitando uma lacuna legal, decidiu participar nos caucus do mesmo estado. Estes são encontros e debates, com votação não raro de braço no ar, que decorrem na quinta-feira e são a única disputa a garantir os delegados à convenção do partido, agendada para julho em Milwaukee, Wisconsin.
Segundo as projeções dos jornais “The New York Times” e “The Washington Post”, com 53,1% dos votos apurados, a alternativa “nenhum destes candidatos” obteve 61,2% do apoio e Haley recebeu 32,4%. Os restantes votos foram distribuídos por aspirantes que, inclusive, já abandonaram a corrida à nomeação republicana. A opção “nenhum destes candidatos” é vista como forma de os eleitores poderem expressar insatisfação com os nomes propostos.
Antes das primárias, a campanha de Haley explicou o motivo de ter participado nas primárias e não nos caucus do Nevada, advogando que o processo eleitoral foi manipulado para beneficiar Trump. “Não gastamos um centavo, nem um grama de energia no Nevada. Não vamos pagar”, disse, recusando-se a “participar num processo manipulado a favor de Trump”.
“O Nevada não é e nunca foi o nosso foco. Não tenho sequer a certeza do que a equipa de Trump está a fazer por aí, mas parecem bastante entusiasmados”, disse a gerente de campanha de Haley, Betsy Ankney, numa conferência de imprensa, segunda-feira. O Partido Republicano viu os tribunais reconhecerem a sua defesa do modelo de caucus, mas não a abolição do modelo das primárias (que permitem outras formas de participação, nomeadamente o voto por correspondência).
Além do duplo sistema de escolha, não ficou definido como se distribuirão os delegados, o que permitiu à fação dominante no estado, que apoia o ex-Presidente, conseguir que os delegados continuem a ser escolhidos por um caucus. Nesse, que se realiza quinta-feira, Trump vai concorrer apenas contra o quase desconhecido Ryan Binkley, pastor do Texas.
Espera-se que Trump vença com folga, o que lhe deverá garantir os 26 delegados do estado. Estes membros do partido, ativistas e funcionários eleitos votam nas convenções nacionais do partido para selecionar formalmente o candidato às presidenciais.