EUA

Tribunal diz que Trump pode ser julgado por interferência eleitoral em 2020

Tribunal diz que Trump pode ser julgado por interferência eleitoral em 2020
BRENDAN SMIALOWSKI

Um tribunal de recurso dos Estado Unidos decidiu que o ex-Presidente pode enfrentar acusação de conspiração para anular os resultados das eleições de 2020. São rejeitadas as alegações de que estaria imune a processos judiciais

Donald Trump não goza de imunidade face às acusações de tentativa de manipulação dos resultados das presidenciais de 2020, decidiu esta terça-feira um tribunal de recurso americano. A decisão reforça a tese de juízes que rejeitaram previamente os argumentos Trump, decretando que o antigo Presidente (2017-21) pode ser processado por ações cometidas enquanto estava na Casa Branca e no período que antecedeu 6 de janeiro de 2021, quando os seus apoiantes invadiram o Capitólio dos Estados Unidos.

A decisão também prepara o terreno para recursos adicionais do ex-Presidente e candidato às primárias do Partido Republicano, que poderão chegar ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos. O julgamento esteve marcado para março, mas foi adiado na semana passada e o juiz ainda não marcou nova data.

A data do julgamento acarreta ramificações políticas, já que Trump espera conseguir adiá-lo até depois das eleições presidenciais deste ano, marcadas para o início de novembro, em que tudo indica que voltará a enfrentar Joe Biden, que o derrotou há quatro anos.

Se Trump vencer desta feita o Presidente democrata em exercício, poderá tentar usar a sua posição como chefe do poder executivo para ordenar a um novo procurador-geral que rejeite os casos federais. Outra hipótese é conceder-se um perdão.

Imunidade posta em causa

O tribunal de recurso assumiu o papel central na disputa de imunidade depois de o Supremo Tribunal de Justiça ter rejeitado, no mês passado, assumir uma posição sobre o tema, rejeitando um pedido do procurador especial Jack Smith para emitir uma decisão rápida. A questão é se ex-presidentes podem ser processados depois de deixarem o cargo por ações tomadas enquanto estavam na Casa Branca e relacionadas com as suas funções oficiais.

O Supremo considerou que os presidentes estão imunes à responsabilidade civil por atos oficiais, mas os advogados de Trump argumentaram que essa proteção deveria ser alargada à ação penal. Contudo, a equipa do procurador Smith argumentou que tal imunidade não existe na Constituição e que, em qualquer caso, as ações de Trump não faziam parte das suas funções oficiais.

A juíza distrital Tanya Chutkan, que preside ao caso, rejeitou os argumentos de Trump, num parecer de 1 de dezembro, que dizia que o cargo de Presidente “não confere um passe vitalício para sair da prisão’”.

Os advogados de Trump apelaram para o tribunal de recurso de Washington, mas Smith pediu ao Supremo que avaliasse a questão primeiro, na esperança de garantir uma decisão rápida e definitiva e preservar a data do julgamento de 4 de março, o que foi rejeitado. A questão ficou para o tribunal de recurso que agora se pronunciou. Este caso é um dos quatro processos judiciais que Trump enfrenta, enquanto tenta voltar a ser o candidato republicano para as eleições presidenciais de novembro.

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