Ásia

Eleições em Taiwan: partidos da oposição anunciam que vão concorrer juntos, Pequim celebra boas notícias

Cartaz colocado num edifício de Taipé, onde pode ver-se o industrial Terry Gou, que concorre às eleições de 13 de janeiro como independente
Cartaz colocado num edifício de Taipé, onde pode ver-se o industrial Terry Gou, que concorre às eleições de 13 de janeiro como independente
ANN WANG/REUTERS

As eleições estão marcadas para 13 de janeiro, menos de um mês antes da entrada no Ano do Dragão, um tempo muito associado a grandes transformações

António Caeiro

Os principais partidos da oposição em Taiwan acordaram concorrer juntos às eleições presidenciais de janeiro, ameaçando o favoritismo do atual vice-presidente, Lai Ching-te, um homem que Pequim considera “um desordeiro” e que já se assumiu publicamente como “um pragmático trabalhador a favor da independência” da ilha.

Nas sondagens realizadas em outubro, os candidatos do Partido do Povo (TPP) e do Partido Nacionalista (KMT) - Ko Wen-je e Hou Yu-ih, respetivamente - estavam atrás de Lai, mas juntos tinham mais de dez pontos de vantagem. No fim de semana deverá ser anunciado qual deles será o candidato conjunto à presidência e à vice-presidência. O acordo entre Ko e Hou foi alcançado na quarta-feira, sob a mediação do antigo Presidente Ma Ying-jeou, eleito em 2008 com o apoio do KMT. O industrial Terry Gou também concorre às eleições, mas como independente. As eleições estão marcadas para 13 de janeiro, menos de um mês antes da entrada no Ano do Dragão, um tempo muito associado a grandes transformações.

Antigo presidente da Câmara de Taipé, apontado como o candidato preferido do eleitorado mais jovem, o médico cirurgião Ko Wen-je sempre criticou duramente o KMT, mas disse agora que o Partido Democrático Progressista (DPP), no poder há oito anos, “ainda é pior”. Ao contrário do DPP, o partido da atual Presidente, Tsai Ing-wen, o KMT e o TPP defendem o diálogo com Pequim e a “equidistância entre a República Popular da China e os Estados Unidos”.

Depois de ter perdido a guerra civil no continente, há 74 anos, o Governo da antiga República da China (sem o adjetivo “popular”) refugiou-se em Taiwan. Pequim defende a “reunificação pacífica”, mas admite “usar a força” se a ilha declarar a independência ou em caso de “ingerência externa”. Trata-se de um território com um terço da superfície de Portugal e cerca de 24 milhões de habitantes, e que, oficialmente, continua a denominar-se “Zhong Hua Min Guo” (República da China).

Segundo um estudo divulgado este verão, apenas 6,1% dos taiwaneses defendem a reunificação ou a independência “tao depressa quanto possível”: quase 90% prefere manter o status quo, e, entre estes, cerca de um terço gostaria que isso se mantivesse “indefinidamente”. O estudo foi feito pela National Chengchi University, uma das mais conhecidas escolas de ensino superior de Taiwan, em particular na área das Ciências Sociais e da administração pública.

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