Moçambique tem “uma das taxas mais elevadas de uniões prematuras do mundo”, alerta uma nota do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), a que a Lusa teve hoje acesso. Globalmente, naquele país lusófono, 48% das meninas casam-se antes dos 18 anos.
A Unicef estima que 56% das meninas da província de Nampula, norte de Moçambique, se casem antes de atingir a juventude e 18% antes dos 15 ano. A organização reitera o apelo contra as uniões forçadas na região.
Entre as meninas sem acesso à educação, a Unicef estima que 56% engravidem na adolescência; 64% das que apenas concluíram o ensino básico casaram-se ainda crianças. “A Unicef trabalha com parceiros para ajudar as meninas por trás destas estatísticas, investindo na sua educação, envolvendo os pais, líderes comunitários e as comunidades na proteção contra uniões forçadas e violência, e conectá-las a serviços que possam ajudar a mudar estes números”, acrescenta-se no documento.
Em agosto, as Nações Unidas apoiaram a atribuição de certidões de nascimento a mais de 16 mil pessoas afetadas pelos recentes ciclones na província de Nampula, para acabar com as uniões prematuras na região. “As certidões de nascimento desempenham um papel fundamental na proteção das crianças contra as uniões prematuras, providenciando prova legal da sua idade, e também no acesso a serviços básicos, como educação, cuidados de saúde e proteção social”, explica a nota da Unicef.
Moçambique regista a quarta maior taxa mundial de natalidade na adolescência, em raparigas de 15 a 19 anos, segundo um relatório das Nações Unidas que antevê a duplicação da população moçambicana em 25 anos.
Segundo o relatório “Situação da População Mundial 2025”, apresentando em Maputo, em julho, pelo Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), a taxa de natalidade na adolescência atingiu 158 em cada mil raparigas moçambicanas entre 2001 e 2024, apenas atrás da República Centro-Africana (184), da Guiné Equatorial (176) e de Angola (163). O FNUAP aponta o elevado índice de uniões prematuras, que afetam quase metade das raparigas (48%), muitas das quais dão à luz pela primeira vez antes dos 18 anos.
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