Internacional

Depois de atravessar fronteira para a Coreia do Norte, soldado americano volta a estar sob custódia dos EUA

Travis King, soldado norte-americano, está detido na Coreia do Norte depois de ter atravessado a fronteira com a Coreia do Sul no dia 18 de julho
Travis King, soldado norte-americano, está detido na Coreia do Norte depois de ter atravessado a fronteira com a Coreia do Sul no dia 18 de julho
ANTHONY WALLACE

A agência estatal norte-coreana KCNA anunciou que a Coreia do Norte ia expulsar o soldado americano Travis King, que atravessou a fronteira para o país em julho e acabou detido. Já se encontra sob custódia americana. A Associated Press indica que a saída se deu através da China e se encaminhava para um centro médico nos Estados Unidos

Depois de atravessar fronteira para a Coreia do Norte, soldado americano volta a estar sob custódia dos EUA

Salomé Fernandes

Jornalista da secção internacional

A história que esta notícia conta exige que recuemos a 17 de julho deste ano. Travis King, soldado dos Estados Unidos que se encontrava na Coreia do Sul e deveria ter sido escoltado de volta ao seu país para enfrentar ação disciplinar, não entrou no avião. No dia seguinte, uma terça-feira, juntou-se a uma excursão a Panmunjom, na zona desmilitarizada que separa as duas Coreias. O seu próximo passo fez correr tinta pelo mundo: transpôs a fronteira, em direção à Coreia do Norte.

Na altura o secretário da Defesa dos Estados Unidos afirmou que a preocupação principal do Pentágono era o bem-estar de Travis King – que foi detido pelas autoridades norte-coreanas depois de atravessar a fronteira. E em agosto a Coreia do Norte avançou com uma possível explicação para a ação de King, dizendo que este procurava escapar aos “maus-tratos humanos” no exército americano.

Esta quarta-feira, King foi libertado e encontra-se sob custódia americana. A agência Associated Press noticiou que o soldado foi expulso pela Coreia do Norte e transferido para custódia americana através da China. A sua condição de saúde não foi revelada, mas previa-se que King fosse levado até um centro médico militar no Texas.

O porta-voz do Pentágono, general Patrick Ryder, emitiu um comunicado a confirmar a libertação de King e a agradecer aos governos da Suécia e da China pelo apoio no processo.

A agência estatal norte-coreana KCNA escreveu esta quarta-feira que o país decidira expulsar o cidadão americano, depois de uma investigação sobre os motivos da sua entrada na Coreia do Norte. Acredita-se que King tenha sido o primeiro soldado dos Estados Unidos a entrar na Coreia do Norte desde 1982.

“Travis King confessou que entrou ilegalmente no território da República Popular Democrática da Coreia por sentir mal-estar em relação ao tratamento desumano e à discriminação racial no do exército dos Estados Unidos e por estar desiludido com a sociedade desigual dos Estados Unidos”, publicou a KCNA, sem dar detalhes dos termos da expulsão de King.

O episódio deixa perguntas em aberto, desde o que motivou o jovem de 23 anos a qual será o seu destino. King foi declarado ausente sem permissão (AWOL, na sigla em inglês) pelo Governo dos Estados Unidos, e a penalização pode ir de uma simples multa à expulsão do Exército.

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