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"Liberdade de expressão, mas não de alcance": Twitter elaborou "listas negras secretas" e restringiu a visibilidade de contas e tópicos

Elon Musk
Elon Musk
Anadolu Agency

A rede social desenvolveu um mecanismo para mitigar o alcance de algumas contas, temas e publicações. Há equipas dedicadas a elaborar “listas negras secretas”

O Twitter elaborou “listas negras secretas” e desenvolveu uma operação oculta para mitigar a visibilidade de tweets, contas e tópicos, revelou a segunda parte da investigação “Arquivos do Twitter” divulgada na rede social e explicada pela revista “Forbes”. De acordo com Barri Weiss, antiga jornalista da publicação norte-americana, a plataforma terá equipas de funcionários dedicadas a construírem listas negras, para impedir que certos tweets se tornem tendência e limitar a visibilidade de contas ou tópicos.

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A operação foi iniciada “sem o conhecimento dos utilizadores”, garantiu Barri Weiss, antiga comentadora conservadora que, juntamente com o jornalista Matt Taibbi, recebeu, das mãos de Elon Musk, o acesso a documentos internos do Twitter.

Entre as contas colocadas na lista de limitação de alcance encontra-se a do professor de política de saúde da Universidade Stanford Jay Bhattacharya, os conservadores Dan Bongino e Charlie Kirk e “Libs of TikTok”, uma conta influente e controversa que partilha visões da direita radical. Não são conhecidas as razões pelas quais as contas foram visadas, nem foi apurado se os utilizadores restringidos terão violado alguma regra. A Equipa de Resposta Estratégica (como é designada) lidava muitas vezes com até 200 casos por dia, referiu Barri Weiss.

As decisões politicamente sensíveis - categoria em que “Libs of TikTok” foi inserida - foram entregues a outra equipa, a da política de integridade da rede social, composta por altos executivos como os presidentes executivos Jack Dorsey e Parag Agrawal.

Badi Weiss definiu a operação secreta do Twitter como “atos nefastos de censura” e comparou-a às políticas de moderação anunciadas por Musk para o Twitter, segundo as quais existiria “liberdade de expressão, mas não liberdade de alcance”. A jornalista utilizou o termo “shadow banning” ["proibição oculta"], e a rede social rejeitou a designação argumentando que os tweets não deixavam de ser visíveis, apenas tinham menos alcance.

Após a divulgação da segunda parte dos arquivos do Twitter, Musk disse estar a trabalhar numa atualização de software que mostrará aos utilizadores que foram restringidos, o motivo da restrição e como recorrer da decisão. Os tweets, tal como os vídeos, também serão acompanhados da contagem de visualizações dentro de algumas semanas, de acordo com Elon Musk.

Quando questionado no Twitter, Musk admitiu que havia candidatos políticos sujeitos a restrições de visibilidade durante a campanha eleitoral. O empresário não referiu, no entanto, que políticos foram visados, se eram norte-americanos ou de outro país.

A primeira vaga de arquivos do Twitter, revelada no início de dezembro, mostrava os esforços do Twitter para silenciar uma história do “New York Post”, de outubro de 2020, que fazia menção aos laços entre o então vice-presidente Joe Biden e uma empresa de energia ucraniana que pagou dinheiro ao filho do democrata, Hunter Biden. A divulgação de documentos internos faz parte da reformulação do Twitter de Musk, tendo em vista a liberdade de expressão.

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