“Os republicanos seguiram Trump para um penhasco”: 14 dos candidatos por ele apoiados perderam ou podem perder
Tom Williams/CQ-Roll Call/Getty Images
A forte presença que Donald Trump teve ao longo da campanha, desdobrando-se em comícios megalómanos, era um sinal claro de que o antigo inquilino da Casa Branca queria reclamar para si a responsabilidade dos resultados obtidos pelos candidatos a quem deu o seu apoio. O ex-Presidente dos EUA esperava surgir como protagonista de uma vitória estrondosa, mas a realidade é outra: os candidatos ‘trumpistas’ ficaram muito longe dos resultados esperados e agora Trump está na mira das duras críticas que começam a ser disparadas por vários republicanos
A “onda vermelha” antecipada por Donald Trump nas eleições intercalares não se verificou e o antigo Presidente dos EUA já admitiu que os resultados foram, “de certa forma, dececionantes”. E até a principal vitória republicana, a reeleição de Ron DeSantis como governador da Flórida, é um duro golpe para Trump, que agora poderá ter um sério rival interno na corrida republicana para as presidenciais de 2024.
Além disso, dos 37 principais candidatos que receberam o apoio pessoal de Donald Trump, vistos como a ‘guarda avançada’ do antigo Presidente dos EUA, pelo menos 14 perderam ou podem vir a perder nas urnas, tornando o ex-chefe de Estado no principal rosto dessas derrotas pelo forte protagonismo que chamou para si ao longo da campanha.
Trump apoiou nove candidatos republicanos a governadores, dos quais apenas dois venceram, Greg Abbott no Texas e Kevin Stitt no Oklahoma. Quatro foram derrotados: Tudor Dixon perdeu no Michigan para a democrata Gretchen Whitmer, Douglas Mastriano foi incapaz de dar luta a Josh Shapiro na Pensilvânia, Tim Michels foi derrotado por Tony Evers no Wisconsin e Derek Schmidt foi o rosto de uma derrota ‘trumpista’ no Kansas. Nos estados do Nevada, do Arkansas e do Arizona os votos ainda não foram totalmente contabilizados: os candidatos apoiados por Trump podem obter vitórias nos dois primeiros, mas, no Arizona, o candidato Blake Masters deverá ser batido pelo democrata Mark Kelly.
É entre os candidatos ao Senado que os nove escolhidos de Trump parecem ter-se saído melhor, com vitórias no Utah, na Carolina do Norte, no Indiana, na Flórida, no Ohio e no Wisconsin. Todavia, na Pensilvânia, o republicano Mehmet Oz perdeu para o democrata John Fetterman com uma diferença de dois pontos percentuais.
“Quase todos os candidatos apoiados por Trump em estados competitivos perderam”, aponta Chris Christie, antigo governador republicano de Nova Jérsia. “É uma grande derrota para Trump. E, mais uma vez, demonstra que os seus instintos políticos não estão relacionados com o partido, não estão relacionados com o país – estão apenas centrados na sua pessoa”, acrescenta Christie.
Até mesmo a Fox News, fortemente ligada aos republicano, já apresenta DeSantis como “o novo líder do Partido Republicano”, apesar de Trump já ter deixado no ar - antes das eleições - a hipótese de anunciar a sua candidatura presidencial em 15 de novembro.
Até lá, Trump será alvo das duras críticas internas que começaram a surgir. “Os republicanos seguiram Donald Trump para um penhasco”, declarou David Urban, seu antigo conselheiro de longa data.
Também Peter King, republicano ultraconservador e ‘trumpista’, acredita “firmemente que ele [Donald Trump] não deve continuar a ser o rosto” de um partido que “não pode tornar-se num culto de personalidade”. E vai mais longe: “A sua autopromoção e os seus ataques aos republicanos, incluindo Ron DeSantis e Mitch McConnell, contribuíram fortemente para que o partido não tivesse uma onda vermelha”.
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