Internacional

Ao fim de 15 anos, ADN revela assassino de uma criança e uma mulher

Britt-Louise Viklund, a procuradora responsável pela investigação dos crimes ocorridos em Linkoping, Suécia
Britt-Louise Viklund, a procuradora responsável pela investigação dos crimes ocorridos em Linkoping, Suécia
ANDERS WIKLUND/GETTY IMAGES

Assim que as autoridade suecas passaram a ter autorização para explorar sites de genealogia comercial, não tardou a ser encontrada uma correspondência

Luís M. Faria

Jornalista

Um dos casos de homicídio que mais intrigou a Suécia em décadas recentes vai finalmente ter solução. Em 2004, na cidade de Linkoping, um rapaz de oito anos e uma mulher de 56 foram mortos à facada na mesma altura por um desconhecido, que fugiu. Testemunhas descreveram um jovem de cabelo louro, e o seu boné ensanguentado e o seu ADN, bem como a arma do crime, foram encontrados no local. Mas isso não bastou para deslindar o caso.

O que permitiu finalmente resolvê-lo foi uma nova lei, em vigor desde o ano passado, que permite às autoridades procurar nos sites de geneologia comerciais para correspondências com suspeitos de crimes. Esses sites, aparentemente, são bastante usados na Suécia, e assim que começaram a ser usados rapidamente se descobriu um suspeito.

Ou melhor, dois. Um deles era o verdadeiro autor do crime, o outro o seu irmão. Em ambos havia correspondência genética, mas as autoridades não demoraram a concluir qual deles tinha sido o homicida, que aliás confessou.

Daniel Nykvist, um solitário que na altura do crime tinha 21 anos e vivia com os pais, sofre de doença mental grave. Estava obcecado com a ideia de matar alguém e nesse dia achava que ele próprio ia morrer (diz que a convicção disso era tal que nem tinha lavado os dentes quando saiu de casa, segundo explicou agora). Primeiro matou a criança de oito anos, e a seguir a mulher, por ter visto tudo.

Dado que a sua doença mental parece estar medicamente comprovada, o seu advogado acha que deve ser condenado por uma forma menos gravosa de homicídio. Em todo o caso, já estará assente que vai para um hospital psiquiátrico. Um lugar mais adequado do que a casa de família, onde continuou a viver até hoje.

Entretanto, foi noticiado que um amigo de infância de Nyvist tentou várias vezes avisar a polícia ao longo dos anos, mas só em 2020 obteve finalmente uma resposta. Segundo reporta o site svt.se, esse amigo não só se lembrava de o ter ouvido falar de violência desde a infância, como reconheceu o boné encontrado no local do crime, bem como a imagem-robô divulgada na imprensa. Mas quando tentava contactar a polícia, a chamada acabava sempre por ser desligada.

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