Internacional

Enquanto Joe Biden se reúne com a família de George Floyd, Trump recebe a polícia na Casa Branca

Enquanto Joe Biden se reúne com a família de George Floyd, Trump recebe a polícia na Casa Branca
Getty Images

Na véspera do funeral do negro assassinado por um polícia em Minneapolis, o Presidente Trump e o seu adversário político, Joe Biden, tiveram gestos contrastantes

Luís M. Faria

Jornalista

Na véspera do funeral de George Floyd, o negro morto por um polícia que se ajoelhou sobre o seu pescoço durante quase nove minutos quando ele já estava almejado e a pedir que não o matassem, o Presidente Donald Trump e o seu presumível rival nas eleições de novembro, o democrata Joe Biden, tiveram encontros que ilustram as diferentes posições de ambos.

Enquanto Biden passou uma hora reunido com a família de Floyd, Trump recebeu agentes da polícia na Casa Branca, escreve o "Los Angeles Times".

"A nossa política tem-nos permitido viver em paz, e queremos garantir que não temos lá maus atores, e às vezes vemos algumas coisas horríveis, tal como testemunhámos recentemente, mas eu diria que 99,9 por cento - digamos 99 por cento deles - são grandes, grandes pessoas", disse Trump, garantindo que o financiamento aos departamentos de polícia no país não será reduzido, ao contrário do que têm exigido alguns dos manifestantes que protestam contra a morte de Floyd.

Em Houston, a cidade de onde Floyd era natural e onde será sepultado, Joe Biden esteve num encontro privado com a família dele. "Escutou, ouviu a dor deles e partilhou o seu sofrimento, Essa compaixão significou imenso para esta família em dor", disse no Twitter o advogado dos Floyd. Biden explicou que não ia estar no funeral para não ser um elemento perturbador, dado o peso que o seu aparato de segurança tem vindo a adquirir.

Também fez saber que não subscreve os apelos ao 'defunding' (retirada de financiamento) da polícia, mas quer que a ajuda federal que lhe é atribuída "fique condicionada a eles cumprirem certos padrões básicos de decência e honradez. E, de facto, serem capazes de demonstrar que protegem a comunidade e toda a gente na comunidade", disse.

Republicanos que se demarcam

As cisões em torno dos abusos de força e do alegado racismo sistémico entre as forças policiais estão a tornar-se um fator na atual campanha eleitoral para as presidenciais. Mesmo em aspetos aparentemente menores, as diferenças adquirem relevância. Esta semana, por exemplo, tanto Trump como Biden fizeram telefonemas de condolências à família de Floyd, mas o irmão deste contou depois que, enquanto o Presidente fez um telefonema rápido em que não lhe deu oportunidade de falar, Biden esteve dez, quinze minutos a conversar com ele.

Neste momento, as sondagens dão a Biden 14 pontos de vantagem na corrida presidencial. A estratégia que Trump havia preparado, e que assentava no bom estado da economia, ficou arruinada por causa da pandemia, e em matéria de abusos policiais Trump parece estar do lado errado, tendo chegado a incitar a polícia a maltratar fisicamente os detidos.

Um antigo assessor de senador republicano John McCain diz que a maioria republicana no Senado deverá desaparecer juntamente com a própria presidência Trump em novembro. Vários senadores do partido têm-se vindo a demarcar expressamente do Presidente - Mitt Romney, do Utah, chegou a participar numa marcha de protesto com líderes religiosos - mas o líder da maioria republicana insiste que o partido tem de se manter fiel ao presidente.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate