No segundo dia da Web Summit 2022, realizada em Lisboa pela sétima vez, especialistas e empresários estiveram juntos no Myriad Crystal Center a debater duas forças inegáveis que moldam o mundo das empresas: talento e sustentabilidade. Sem repensarem e investirem nestes dois conceitos, as organizações dificilmente irão prosperar e vingar num futuro próximo. E, como disse ontem o ministro da Economia, António Costa e Silva, na cerimónia de inauguração da Web Summit, “o futuro é o que começamos a fazer agora”.
O princípio que deu o mote à primeira discussão do dia centrou-se no facto de que todas as empresas devem ter acesso ao talento, porém, não apenas se devem focar em usá-lo, também devem saber criá-lo. Mas para que as empresas se tornem incubadoras de talento é necessário alterar as suas mentalidades e adotar novos conceitos que assentem numa lógica que combina o poder da tecnologia com o poder das pessoas. “O talento é a chave para a diferenciação”, explica Raffaela Temporiti, HR Lead Europe da Accenture.
“A tecnologia existe, o futuro está aqui, mas ainda não está repartido equitativamente”, sublinha Peter Lacy, Global Sustainability Lead da Accenture
Já a sessão sobre sustentabilidade partiu do princípio de que todos os negócios, nos dias de hoje, devem ser sustentáveis. “Em 2022, decidimos elevar a sustentabilidade a uma das forças que vão moldar as empresas no futuro e este é um conceito conduzido pela ciência e pela economia”, revela Peter Lacy, Global Sustainability Lead da Accenture. Ser sustentável parece que já não é uma opção, mas sim um requisito para que as empresas possam projetar-se no futuro. Como devem então as empresas agir para acelerar este caminho e quais os principais desafios? Pode dizer-se que, neste momento, os principais desafios se baseiam na situação geopolítica que enfrentamos, a incerteza global que persiste e os efeitos das alterações climáticas que estão a “acontecer de forma mais rápida e mais distribuída geograficamente do que alguma vez se pensou”, diz Peter Lacy.
Conheça as principais conclusões de cada sessão:
Talento
- Além de reter talento, é preciso criá-lo. Porquê? Porque só quando os colaboradores conseguem criar uma conexão com a empresa é que optam por ficar, sendo mais produtivos. “Os colaboradores não querem só o trabalho, querem um trabalho com propósito, carreira vibrante e que tenha impacto”, acredita Raffaela Temporiti
- Mas como se cria talento? Através da formação constante. “A aprendizagem constante dá aos colaboradores um diferente mind set. É muito importante criar talento com novos skills que abram a mente dos colaboradores”, reforça Carla Baltazar, Operations Lead da Accenture Portugal
- Já Candida Mottershead, European HR Lead - Accenture Technology, defende que é através das novas tecnologias que se consegue “continuar a reinventar as pessoas” e que, muitas vezes, podem-se contratar pessoas que não tenham formação específica naquilo que é o core da empresa, mas que sejam formadas em outras áreas, revelando-se essa diferença uma mais-valia
- O foco agora está em identificar o potencial dos colaboradores e para isso as novas tecnologias são uma ajuda preciosa. “Se tiveres potencial podes fazer qualquer coisa se tiveres exposto aos estímulos certos”, diz Raffaela Temporiti
- A tecnologia tem permitido criar escritórios gémeos no metaverso, por exemplo, para que os colaboradores possam trabalhar a partir de qualquer lado, mas não se pode descurar a parte humana porque continua a ser ela que contribui mais para o bem-estar psicológico do colaborador e para a noção de valorização do mesmo dentro da empresa.
Sustentabilidade
- Ser sustentável é uma obrigação para as empresas que queiram vingar no futuro. “Acredito que as empresas têm um papel importante a desempenhar na redução da temperatura global ou combate às alterações climáticas, por exemplo, e em moldar a economia dos próximos dez anos. A boa notícia é que a tecnologia existe”, lembra Peter Lacy
- “A sustentabilidade não tem apenas a ver com compromisso, tem a ver com ação”, alerta Bruno Martinho, Managing Director, Technology, Strategy and Advisory Lead da Accenture Portugal. Um ação que tem que ocorrer já por parte de todas as entidades, visto que “podemos ter menos tempo para intervir do que aquele que pensávamos”, lembra Peter Lacy
- Mas o caminho ainda é longo e tem que ser feito por todos: segundo um estudo da Accenture, só 5% das empresas a nível europeu estão alinhadas com os objetivos de neutralidade carbónica. O mesmo estudo indica que mesmo que 78% do líderes procure compreender o risco que a sustentabilidade representa para os seus negócios, apenas 47% definiram uma estratégia
- A tecnologia, mais uma vez, tem um papel importante a desempenhar neste caminho que as empresas querem fazer rumo à sustentabilidade. O metaverso será crucial, mas “terá que ser usado da maneira certa”, conclui Peter Lacy
Amanhã as Good Morning Sessions começam às 9h e estarão focadas no debate de outros dois grandes temas que marcam a agenda das empresas a nível global: reinvenção das empresas e progressiva revolução tecnológica. Para fechar o dia no Myriad Crystal Center subirão ao palco especialistas em Metaverso, numa conferência intitulada Metaverse Continuum Conference, que promete trazer uma discussão profunda sobre este novo mundo virtual.
Acompanhe tudo sobre este evento no Expresso online e na edição em papel de dia 4 de novembro
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt