Horizonte 2030

Literacia continua a ser a principal arma para reduzir novos casos de VIH

Literacia continua a ser a principal arma para reduzir novos casos de VIH
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Cumprir os objetivos internacionais para o controlo da transmissão depende da prevenção, que os especialistas defendem ser tão mais eficaz quanto mais e melhor informação sobre o vírus. Jovens e homens heterossexuais são grupos prioritários. A última conferência do Horizonte 2030, do Expresso com apoio da ViiV Healthcare, realiza-se esta terça-feira, 16 de maio, a partir das 17h30

Francisco de Almeida Fernandes

Após quatro décadas de combate aos novos casos de infeção por VIH, o balanço geral é positivo – o país regista, em tendência decrescente, menor taxa de transmissão, um número muito mais reduzido de mortes e níveis de qualidade de vida muito superiores para pessoas que vivem com o vírus. Esta terça-feira, 16 de maio, o projeto Horizonte 2030 organiza a sua última conferência, após 18 meses dedicados ao debate e à análise do VIH. O evento contará com quase duas dezenas de especialistas para refletir sobre o futuro e delinear estratégias para cumprir o desígnio da Organização Mundial da Saúde: chegar a 2030 com zero novas infeções. Pode assistir à iniciativa do Expresso, com apoio da ViiV Healthcare, em direto no Facebook do semanário a partir das 17h30.

Cristina Vaz de Almeida, presidente da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS), não tem dúvidas sobre as conquistas que Portugal alcançou nesta matéria ao longo dos anos, mas alerta para os desafios de um trabalho que não pode parar. “Mudou a memória que as pessoas têm do VIH. Na década de 80, tínhamos pessoas que morriam [por causa da infeção] e hoje é considerada uma doença crónica”, afirma. Se, por um lado, a ciência e a medicina conseguiram tratar com eficácia quem vive com o vírus e reduzir substancialmente o número de novos casos, por outro a perceção do risco mudou e desagravou-se nas camadas mais jovens. “Dos inquéritos que temos feito, a maior parte dos jovens não sabe como é a transmissão do VIH e como isto se transforma em SIDA”, lamenta.

A responsável da SPLS acredita, por isso, ser necessário reforçar a aposta do país em literacia sobre VIH/SIDA para evitar o aumento de novos diagnósticos em alguns grupos populacionais. Entre eles, o dos mais jovens, bem como das pessoas com mais de 50 anos e dos homens heterossexuais – é nestes últimos dois grupos que se regista grande parte dos novos casos. “Quando pensamos que são os homens que fazem sexo com outros homens que lideram [os novos casos], vamos ver os dados e não são. Há que repensar nas crenças que as pessoas têm em relação à transmissão do VIH”, acrescenta Cristina Vaz de Almeida.

95-95-95

é o objetivo da Organização Mundial da Saúde: chegar a 2030 com 95% dos casos de VIH diagnosticados, 95% das pessoas em tratamento e 95% com o vírus suprimido

Apesar de o país ter assistido a uma redução de 44% no número de novos diagnósticos entre 2012 e 2021, os casos de infeção continuam a ser elevados. No biénio 2020-2021, o Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção pelo VIH (PNISTVIH) reportou 1803 novos casos.

Foco na prevenção

Ao longo dos 18 meses do projeto Horizonte 2030, as reuniões trimestrais do Conselho Consultivo - constituído por médicos, representantes de associações comunitárias e especialistas em saúde pública – deixaram clara a necessidade de reforço da prevenção. Organizações como a Abraço, o Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT), a Liga Portuguesa Contra a SIDA ou a Ser+ agem como o braço direito do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na promoção da literacia, no rastreio e no acompanhamento de quem vive com VIH. Entre o SNS e as entidades que estão no terreno, foram realizados mais de 45 mil testes rápidos em 2021, um número que não é ainda suficiente.

“Encontrando-se em curso o processo de nomeação de um novo Diretor-Geral da Saúde, seria prematuro indicar equipas para os programas nesta fase”, segundo o Ministério da Saúde.

“O rastreio e o diagnóstico da infeção por VIH nos cuidados de saúde primários são fundamentais”, escreve a Direção Geral da Saúde (DGS) em resposta ao Expresso. Sobre a demora na nomeação de um novo diretor para o PNISTVIH – que está sem liderança desde a saída, em setembro, da agora Secretária de Estado para a Promoção da Saúde, Margarida Tavares -, a DGS não justifica. Já a Secretaria de Estado aponta a saída de Graça Freitas deste organismo como o motivo para o atraso. “Encontrando-se em curso o processo de nomeação de um novo Diretor-Geral da Saúde, seria prematuro indicar equipas para os programas nesta fase”, afirma o Ministério da Saúde.

Margarida Tavares, que tem um percurso como infeciologista nesta área, estará na última conferência do Horizonte 2030 para falar sobre a “Estratégia 95-95-95” e os desafios que se mantêm no combate ao VIH/SIDA. Consulte abaixo o programa do evento em detalhe.

“Os novos desafios do VIH: Estratégia 95-95-95”

O que é

Ao longo de 18 meses, o projeto Horizonte 2030, criado pelo Expresso com o apoio da ViiV Healthcare, vai promover a discussão em torno dos desafios no diagnóstico e tratamento do VIH/SIDA. Para isso, o semanário constituiu um Conselho Consultivo que reúne representantes de pessoas que vivem com VIH, médicos e outros especialistas, que reúnem uma vez por trimestre para delinear caminhos em direção ao cumprimento dos objetivos propostos pela Organização Mundial de Saúde – a eliminação de novos casos de infeção em 2030. O projeto chega ao fim em maio.

Quando, onde e a que horas?

Acontece na próxima terça-feira, 16 de maio, na sede da Impresa, a partir das 17h30.

Quem são os oradores em destaque?

  • Margarida Tavares, secretária de Estado para a Promoção da Saúde;
  • André Mendes, country manager da ViiV Healthcare;
  • Andreia Pinto Ferreira, coordenadora geral da Ser+;
  • Isabel Aldir, assessora para a saúde do Presidente da República;
  • Maria Eugénia Saraiva, presidente da Liga Portuguesa Contra a SIDA;
  • Ricardo Baptista Leite, médico;
  • Ricardo Mexia, médico de Saúde Pública;
  • Catarina Esteves, enfermeira do Hospital de Cascais;
  • Luís Mendão, GAT;
  • Sónia Dias, diretora da Escola Nacional de Saúde Pública;
  • Cristina Sousa, presidente da Abraço;
  • Gonçalo Figueiredo Augusto, professor da Escola Nacional de Saúde Pública.

Porque é que este tema é central?

Após 18 meses de debate sobre os desafios e as conquistas do país no que à prevenção e ao tratamento do VIH diz respeito, o Horizonte 2030 organiza uma última conferência que junta grande parte dos especialistas que compuseram o Conselho Consultivo. Ao longo da tarde, os peritos vão debater a estratégia 95-95-95, definida pela Organização Mundial da Saúde, e refletir sobre o que falta fazer para que Portugal possa cumprir os objetivos internacionais até ao final da década.

Como posso ver?

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