Horizonte 2030

Viver com VIH já não precisa de ser uma sentença de morte

Viver com VIH já não precisa de ser uma sentença de morte
Carlos Monteiro

Mais de quatro décadas após os primeiros casos de SIDA, os avanços da ciência permitem hoje encarar a infeção por VIH como “uma doença crónica como é a diabetes”. Para combater a desinformação, o Expresso dedica esta semana à desconstrução dos principais mitos sobre o vírus e os seus portadores

Perder a vida por infeção de VIH ou SIDA não é, hoje, uma realidade comum em Portugal e em grande parte dos países da União Europeia, embora continuem a registar-se mortes por estas causas. Apesar do vírus representar perigo para a saúde, os números têm vindo a diminuir ao longo das décadas – em território nacional, entre 1984 e 2019, registaram-se 15.213 mortes por VIH e 10.905 por SIDA, de acordo com os últimos dados disponibilizados pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Mas será que um diagnóstico de infeção por VIH significa receber uma sentença de morte?

Para combater a desinformação, o projeto Horizonte 2030, criado pelo Expresso com apoio da ViiV Healthcare, dedica esta semana à desconstrução de cinco dos principais mitos em torno da infeção.

Mito 2

Ter VIH é uma sentença de morte

Fernando Maltez, diretor do Serviço de Infeciologia do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, é categórico: receber o diagnóstico de infeção por VIH “obviamente não é [uma sentença de morte]”. Na década de 80, o desconhecimento e a consequente ausência de terapêuticas para combater o vírus permitiam a evolução para o estado de doença, o Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA), que diminuía drasticamente a hipótese de sobrevivência. “Quando os doentes apareciam com infeção tinham uma esperança média de vida que não ia além dos 18 meses”, recorda o especialista.

Hoje, porém, o cenário é muito diferente. O surgimento dos primeiros antiretrovirais – medicamentos que permitem inibir a replicação viral – permitiu ganhar novas formas de lutar contra a infeção. “A evolução terapêutica tem sido um acontecimento sem paralelo”, explica Fernando Maltez, que não tem dúvidas de que, hoje, pessoas infetadas com VIH “podem ter excelente qualidade de vida”. Para isso, é necessário seguir as indicações médicas e tomar a medicação diária recomendada. “Se, de facto, o fizerem, poderá ser uma doença crónica como é a diabetes ou a hipertensão”, sublinha.

Desafio

Cumprir a estratégia 95-95-95

Até 2030, a Organização Mundial de Saúde (OMS) quer reduzir ao mínimo possível o número de novas infeções por VIH para controlar a epidemia que dura há mais de 40 anos. A meta está cada vez mais próxima, acredita Fernando Maltez, que vê na estratégia 95-95-95 a luz ao fundo do túnel – garantir que 95% das pessoas infetadas conhece o seu estado serológico, conseguir que 95% destas esteja em tratamento e assegurar que 95% das pessoas em tratamento tenham a carga viral suprimida.

Com o aumento da informação sobre o vírus, a desejável melhoria no acesso aos cuidados de saúde e uma maior adesão à terapêutica, o infeciologista defende que “é possível” cumprir a expectativa. “Para isso, é fundamental que a pessoa infetada não fuja de saber o diagnóstico, que aceda aos cuidados de saúde e que cumpra as indicações dos seus médicos”, remata.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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