O crescimento dos salários em Portugal acelerou no primeiro trimestre deste ano, com a remuneração bruta mensal média por trabalhador a subir 7,4% em termos homólogos, ou seja, em relação ao mesmo período do ano passado, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta quinta-feira.
Só que este incremento ficou aquém da inflação registada no país no mesmo período, levando a uma perda de poder de compra do salário médio. “Em termos reais, tendo por referência a variação do Índice de Preços do Consumidor, a remuneração bruta total mensal média diminuiu 0,6%”, escreve o INE.
E o INE destaca que por sector institucional, apenas o sector privado registou um acréscimo no salário médio em termos reais. Já no sector público verificou-se uma redução no salário médio real.
O aumento de 7,4% em termos nominais no primeiro trimestre fica aquém dos 8% de crescimento salarial em janeiro e fevereiro, referidos pelo Governo na apresentação do Programa de Estabilidade, tendo em conta as declarações feitas à Segurança Social.
Além de os dados do INE agora publicados abrangerem também março, a explicação para esta diferença pode estar no universo de trabalhadores considerados.
É que os números da autoridade estatística nacional abrangem não apenas as remunerações declaradas à Segurança Social, mas também os dados da Caixa Geral de Aposentações, num total de 4,5 milhões de postos de trabalho. Ou seja, incluem tanto o sector privado como o sector público. E há diferenças significativas entre estes sectores institucionais.
Assim, a remuneração média aumentou 5,4% em termos nominais no sector público, um valor bem abaixo do incremento de 8,3% contabilizado pelo INE no sector privado. Este sim, ficou até acima dos 8% destacados pelo Governo.
Fruto desta diferença, enquanto o salário médio caiu 2,5% no sector público, aumentou 0,3% no sector privado. Um incremento ligeiro, mas positivo.
As diferenças na evolução salarial sentem-se também entre sectores de atividade, por dimensão das empresas e por intensidade tecnológica e do conhecimento das diversas atividades.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: slourenco@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes