O Crédito Agrícola já fez saber que a atualização salarial para 2023 será de 4%, a somar a um aumento do subsidio de refeição para 11 euros por dia.
O grupo liderado por Licínio Pina dá nota de que esta medida “decorre da incerteza da actual conjuntura e do contínuo escalar dos preços, refletindo-se nas condições de vida dos colaboradores” e que os respetivos aumentos são dirigidos a todos os trabalhadores e serão efetuados em março “com retroativos a reportar ao mês de janeiro”.
O presidente do grupo disse em comunicado que “este é um esforço significativo para o Crédito Agrícola, mas importante para reforçar a melhoria das condições de remuneração dos colaboradores por forma a fazer face à actual conjuntura económica".
Bancos avançam à margem das negociações com sindicatos
O Crédito Agrícola é o quarto banco que avançou com aumentos salariais de 4% antes de fechar os acordos com os sindicatos afetos à UGT, o Mais Sindicato, o SBC e o SBN.
BPI, Santander e Novo Banco já avançaram com aumentos de 4% e pelo que o Expresso apurou poderão não ir mais longe.
Os sindicatos afetos à UGT acusam as instituições que “já adiantaram aumentos de 4% apenas no nível e só aos trabalhadores do ativo, desprezando os reformados”. Fora das mesas negociais “repudiam veementemente esta atitude, que visa única e exclusivamente “silenciar” os poucos que já receberam, considerando que assim os sindicatos vão desistir de lutar por aumentos dignos”.
Sindicatos querem mais, temem ausência de acordo e avisam
Os sindicatos afetos à UGT, em comunicado, afirmam que as negociação estão “longe de consenso” e que nas diversas mesas negociais as Instituições de Crédito (IC) continuam longe das propostas dos sindicatos. “A manter-se o atual comportamento não haverá acordo… nem direito a incentivo fiscal”.
Mais, estes sindicatos “lembram a todas as Instituições de Crédito que se querem ser abrangidas pelos benefícios fiscais previstos no acordo de concertação social (majoração de 50% das despesas com o aumento dos salários), uma das condições é haver acordo com os Sindicatos… O que com estes comportamentos não acontecerá”.
Recorde-se que os sindicatos começaram por pedir uma atualização salarial de 8,5%. No último comunicado o Mais, o SBC e o SBN referem que "nos processos negociais em curso concordaram em dar prioridade à negociação das tabelas e de todas as cláusulas de expressão pecuniária, deixando para uma segunda fase a discussão de clausulado", mas os bancos “estão ainda longe de um acordo – acordo que é necessário caso as Instituições de Crédito desejem beneficiar dos incentivos fiscais negociados em concertação social”.
Ou seja, dão nota do acordo de concertação social que prevê benefícios fiscais para as empresas que, em sede de contratação coletiva, negoceiem com os sindicatos atualizações salariais de, no mínimo, 5,1%.
O BCP, a CGD e o Montepio ainda estão a negociar, embora o BCP esteja ainda no patamar dos 2,5% de aumento a CGD nos 3,5% e o Montepio nos 3%, dão nota os três sindicatos.
“Na última ronda negocial, realizada esta terça-feira, dia 28 de fevereiro, as IC mantiveram a proposta anterior de 3% de aumento salarial, sem terem aceitado, sequer, uma das propostas sindicais de clausulado para desbloquear este impasse”, devendo as instituições responder nos próximos dias, como é o caso do Montepio.
Já a CGD que está no patamar dos 3,5% de atualização salarial, dizem os sindicatos, “alega estar proibida pela tutela de ir além de um aumento de 5,1% da massa salarial, a qual abrange todas as remunerações tais como o nível, diuturnidades, isenção de horário de trabalho, promoções, etc”. E referem que recusam esta posição do banco público.
O BCP, que tem uma negociação à parte, "a primeira ronda negocial está prevista para dia 10 de março, a contraproposta apresentada foi de 2,5%", dizem os três sindicatos, deixando no entanto o aviso de que “nunca aceitarão essa percentagem, atendendo, inclusive, aos excelentes resultados do banco em 2022 e recentemente apresentados: o BCP duplicou os lucros face a 2021”.
Na apresentação de resultado o presidente do BCP não quis comentar em que pé estavam as negociações com os sindicatos.
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