Trabalho

BCP propõe 2,5% de aumento salarial, sindicatos consideram "inaceitável"

O BCP, liderado por Miguel Maya, critica regulação nacional autónoma
O BCP, liderado por Miguel Maya, critica regulação nacional autónoma
tiago miranda

Sindicatos afetos à UGT consideram “inaceitável” proposta do BCP e argumentos para não ir além dos 2,5% de aumento salarial. Recordam que outros bancos já foram além dos 2,5% e esperam que BCP suba o valor

Tal como já aconteceu com outros bancos, o BCP propôs um aumento salarial para 2023 de 2,5%, mas os sindicatos afetos à UGT consideram “inaceitável” e esperam que o banco presidido por Miguel Maya melhore a sua proposta na próxima reunião, tal como outros bancos já o fizeram, nomeadamente a CGD, que chegou aos 3,5% na semana passada.

O Mais Sindicato, SBC e SBN - que pediram aumentos de salariais de 8,5% - referem esta terça-feira que “como a restante banca, o BCP inicia as negociações salariais em 2,5% nas tabelas salariais e cláusulas de expressão pecuniária e rejeita todas as propostas de clausulado apresentadas”.

Isto quando a maioria dos bancos que estão nas negociações já manifestaram “disponibilidade para evoluir nas suas posições iniciais e outros já avançaram”.

Na contraproposta do BCP, dizem os três sindicatos, o banco faz logo uma declaração de princípio: “o BCP tem a intenção de atualizar as tabelas salariais e restantes cláusulas de expressão pecuniária em 2023”, dizendo que os sindicatos poderão contar com o banco para, “em conjunto, gizar uma solução que possa ir ao encontro dos interesses dos trabalhadores”.

Mas o BCP adverte que qualquer que seja a solução esta deve sempre respeitar "os desafios e condicionalismos inerentes à situação do setor e especialmente do próprio BCP”.

O BCP na contraproposta que faz aos sindicatos apresenta já valores de negociação em relação a outras rubricas para negociação. E segundo os sindicatos são 2,5% de aumento salarial no âmbito do Acordo Coletivo de Trabalho para todos os níveis (níveis 1, 2 3 ajustados ao valor do salário mínimo), aumento do subsídio de almoço em 4,76%, para 11 euros, e aumento de 2,5% para cláusulas de expressão pecuniária.

O banco rejeitou todas as alterações de clausulado propostas por estes sindicatos. Para isso o BCP dá justificações, dizem os sindicatos, referindo que estas vão desde "o clima de incerteza económica para este ano ao impedimento da regulação do setor em Portugal, que impede a cobrança de mais taxas; dos resultados do banco na Polónia à evolução, embora positiva, da rentabilidade do grupo em 2022 (ROE de 2,5%), um “valor bastante abaixo da média nacional e europeia para o setor”.

O banco, dizem os três sindicatos, alega também como argumentos para não ir mais longe do que os 2,5% “as promoções desde 2017, as remunerações variáveis e o apoio extraordinário de 500 euros em 2022 para mitigar os efeitos da escalada da inflação”.

“Inaceitável” é a palavra escolhida pelo Mais Sindicato, SBC e SBN. Por isso as três entidades “esperam que se iniciem as negociações formais e o BCP evolua na sua posição, pois estão indisponíveis para aceitar qualquer aumento que fique aquém das necessidades dos trabalhadores e não compense minimamente o seu esforço e dedicação, fundamentais para os lucros obtidos".

Os sindicatos referem que “os trabalhadores precisam de aumentar os seus rendimentos” e fazem um alerta ao BCP dizendo que “não vão tolerar o prolongamento artificial das negociações, como aconteceu em momentos anteriores”.

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