Economia

Gazprom alega fuga de combustível durante uma paragem para manutenção: gasoduto que fornece a Europa encerrado e sem data de reabertura

Inaugurado em 2011, o Nord Stream 1 transporta anualmente 55 mil milhões de metros cúbicos de gás russo para a Alemanha, dez vezes o consumo português de gás natural
Inaugurado em 2011, o Nord Stream 1 transporta anualmente 55 mil milhões de metros cúbicos de gás russo para a Alemanha, dez vezes o consumo português de gás natural
Sean Gallup/Getty Images

A Gazprom não deu qualquer previsão sobre quando o problema estará resolvido e quando o transporte de gás será reativado

A Gazprom, empresa estatal russa de prospeção e comercialização de gás natural anunciou, esta sexta-feira, ter detectado uma fuga de combustível no gasoduto Nord Stream 1, fechado desde quarta-feira para manutenção, e adiantou que não irá retomar o fornecimento à Europa no sábado, de acordo com o calendário que estava previsto.

A empresa, segundo a Bloomberg, não deu, no comunicado, qualquer previsão sobre quando o problema estará resolvido e quando o transporte de gás será retomado.

O problema está, segundo a Gazprom, numa fuga de combustível no motor de uma turbina da estação de compressão de Portovaia, na cidade de Viburgo, na Rússia, onde o gasoduto é abastecido. O fornecimento de gás natural através do Nord Stream 1, gasoduto que liga a Rússia ao norte da Alemanha, está totalmente interrompido, disse a Gazprom.

O Nord Stream 1 está fechado desde quarta-feira para operações de manutenção na estação de compressão de Portovaia. Teria reabertura prevista para este sábado, dia em que recomeçariam a fluir 33 milhões de metros cúbicos diários de gás natural rumo à Europa.

A paragem, ao contrário do que é normal nestas infraestruturas, não foi programada, tendo sido anunciada com poucas semanas de antecedência, o que levou as capitais europeias a interpretar a suspensão como uma chantagem de Moscovo pelo apoio ocidental à Ucrânia após a invasão do dia 24 de fevereiro.

O corte de gás ocorre numa altura em que os mercados energéticos do continente europeu passam por uma grave crise, com subidas muito expressivas dos preços - como no Reino Unido, que viu o teto máximo do preço da energia quase duplicar - que obrigaram ao resgate da importadora de gás alemã e finlandesa Uniper.

O acelerar da inflação, fenómeno que começou no rescaldo do pico da pandemia da covid-19, em 2021, e que foi agravado pela guerra, levou a que as taxas de inflação renovassem desde então máximos de várias décadas, com impacto nos rendimentos do trabalho e nos custos das empresas.

A interrupção do fornecimento de gás natural russo à Europa às portas do inverno irá contribuir para a situação de penúria energética que obrigou os estados europeus a adotar medidas de poupança.

A importância dos gasodutos russos - o Nord Stream 1 e o Yamal, que liga à Europa por terra, pela Bielorrússia, mas com uma capacidade menor - para a economia energética europeia é enorme, tendo sido responsáveis por 32% do consumo alemão em dezembro de 2021, de acordo com dados da consultora ICIS, sendo a maior fonte de gás da Alemanha até ao início da guerra.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: pcgarcia@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas