Ao fim de sucessivos aumentos, a taxa de inflação em Portugal, medida pela variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC), abrandou ligeiramente am agosto, para 9%, valor que compra com 9,1% em julho, indica a estimativa rápida publicada esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). É a primeira vez que se regista uma desacaleração em quase um ano, desde setembro do ano passado.
A que se deveu este abrandamento? O INE ainda não dá detalhes sobre a evolução dos preços, mas a informação que avança mostra que a explicação está nos preços da energia, que têm sido o principal fator a impulsionar a inflação desde o início do ano.
Num contexto marcado por medidas de mitigação dos preços da energia tomadas pelo Governo, nomeadamente no que toca aos combustíveis rodoviários, e com os preços a sofrerem um recuo nos mercados internacionais, o INE estima que a taxa variação homóloga do índice relativo aos produtos energéticos se situe em agosto nos em 24%. Uma taxa inferior em 7,2 pontos percentuais à registada em julho.
Mas nem tudo são boas notícias, com o INE a apontar uma aceleração da subida dos preços dos alimentos. Segundo a estimativa rápida da autoridade estatística nacional, o índice referente aos produtos alimentares não transformados apresentou uma variação de 15,4% em agosto, um valor superior aos 13,2% registados em julho.
Ao mesmo tempo, o indicador de inflação subjacente - que exclui os produtos alimentares não transformados e energéticos, que têm preços mais voláteis - também acelerou, com uma variação homóloga de 6,5% em agosto (6,2% em julho). É o registo mais elevado desde março de 1994 e sinaliza que a escalada dos preços da energia e dos alimentos se tem vindo a disseminar por toda a economia.
O INE aponta ainda que na comparação em cadeia, ou seja, em relação ao mês anterior, o IPC registou uma variação negativa, de -0,3%. Este valor compara com uma variação em cadeia nula em julho.
Já o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) - a referência na Europa para a medição da inflação - terá registado uma variação homóloga de 9,4% em agosto, valor idêntico ao do mês anterior, aponta o INE.
A evolução da inflação em Portugal compara com tendências distintas na Alemanha e em Espanha. No caso dos germânicos, a escalada dos preços voltou a acelerar em agosto, para 7,9%, um máximo de quase 50 anos. Já no caso do país vizinho, apesar de se manter historicamente elevada, a inflação abrandou, para 10,4%.
Os dados definitivos referentes à inflação de agosto serão publicados pelo INE no próximo dia 12 de setembro.
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