A inflação está em máximos de várias décadas nas economias globais, provocando um ciclo de contração da política monetária. A incapacidade da oferta responder face à procura e, mais tarde, a invasão russa da Ucrânia fizeram com que as economias mundiais, depois da recuperação pós-pandemia, passassem a temer mais abrandamentos nos próximos tempos. Porém, imune a tudo isto, estiveram alguns grandes negócios de fusões e aquisições no primeiro semestre do ano.
O apetite para grandes negócios não abrandou, alcançando o equivalente a 2 biliões de dólares (1,9 biliões de euros), segundo o "Financial Times" desta quinta-feira, 30 de junho. Apesar do volume ter caído 20% face ao mesmo período do ano passado, os meganegócios avaliados em mais de 10 mil milhões de dólares (9,5 mil milhões de euros) aumentaram 12%, cifrando-se nos 25.
Nos Estados Unidos, face um ano de 2021 que viu máximos recorde na atividade de fusões e aquisições, a quebra foi de 28% para os 950 mil milhões de dólares (902 mil milhões de euros) no primeiro semestre. O jornal britânico cita dados da Refinitiv.
Um destes negócios é do conhecido Elon Musk, personalidade mais rica do mundo de acordo com a Forbes, dono e fundador da construtora de carros elétricos Tesla, e eventual futuro dono do Twitter. Contudo, a proposta de compra da rede do pássaro de 44 mil milhões de dólares (42 mil milhões de euros) empancou recentemente, com Musk a usar o número de contas falsas do Twitter e a questão da dívida da empresa como ameaça para deixar o acordo.
Outros dos negócios fechados foram o da aquisição pela Broadcom da VMware, especializada em serviços cloud, por 69 mil milhões de dólares (66 mil milhões de euros), tal como a venda do negócio dos semicondutores da britânica Arm, do Softbank, à Nvidia, avaliada em 66 mil milhões de dólares (63 mil milhões de euros).
Todos estes exemplos terão de lidar com obstáculos regulatórios, à medida que as autoridades de cada país avaliam se existem práticas anticoncorrenciais em cada um deles - sendo que em todos os casos as empresas envolvidas esperam abordagens agressivas dos reguladores, segundo o "Financial Times", como no caso da aquisição da Arm pela Nvidia.
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