Economia

Lagarde aponta para desaceleração dos preços da energia e da alimentação

Christine Lagarde, presidente do BCE, na sua mais recente visita a Lisboa
Christine Lagarde, presidente do BCE, na sua mais recente visita a Lisboa
NUNO FOX

A presidente do Banco Central Europeu prevê que a subida dos preços destes dois grandes fatores de inflação abrande, mas os custos deverão manter-se altos nos próximos tempos

Os preços da energia e dos bens alimentares deverão deixar de subir nos próximos tempos, estabilizando em níveis altos, traduzindo-se num abrandar da taxa de inflação, previu a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, em declarações feitas esta quarta-feira, 30 de março.

Citada pela "Reuters", a líder do banco central da zona euro disse que "iremos ver inflação mais alta este ano, sobre isso não há dúvidas", e que "estamos também a ver que alguns dos fatores que impulsionam a inflação atualmente, a energia e a alimentação, irão manter-se altos".

"Mas não prevemos (...) que [os preços destes dois elementos] continuem a subir e a subir", ressalvou Lagarde. O grande risco é, neste momento, um regresso a uma situação de "estagflação", ou "a recessão da economia numa base constante e inflação alta e em continuada subida", disse Lagarde.

Estes comentários ocorrem depois do anúncio de sucessivos recordes nas variações mensais da taxa de inflação, com Espanha a reportar uma inflação de 9,8% nesta quarta-feira, a maior variação desde 1985.

O Instituto Nacional de Estatística português vai reportar a taxa de inflação de março na quinta-feira, seguindo-se o Eurostat, na sexta, com dados para a União Europeia. Em Portugal, a taxa de inflação de fevereiro foi de 4,2%, atingindo máximos de 2011, ao passo que na zona euro a taxa foi de 5,9% em fevereiro, um recorde desde a criação da moeda única.

Os preços, já em trajetória de subida em 2021 devido à incapacidade da oferta acompanhar a recuperação súbita da procura com a melhoria da situação pandémica, acentuaram a tendência com o eclodir da guerra na Ucrânia no dia 24 de fevereiro. As sanções impostas à Rússia pelo Ocidente retiraram dos mercados mundiais matérias-primas energéticas, como gás natural e crude, e alimentares, como cereais e fertilizantes, o que provocou um aumento imediato dos preços.

A pressão sobre o BCE é, neste momento, alta, numa altura em que grandes bancos centrais, como a Reserva Federal dos Estados Unidos e o Banco de Inglaterra, sobem as taxas de juro de referência para limitar a subida dos preços. Por agora, o banco central da zona euro planeia terminar o programa de compra de ativos até ao verão e só a partir daí aumentar as taxas de juro, quebrando um jejum de uma década.

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