Nuno Vasconcellos, ex-presidente da Ongoing, quer voltar a Portugal e pagar as dívidas: “Estou há cinco anos tentando me pôr de pé”
Nuno Vasconcellos endividou-se quando vivia à sombra dos dividendos da PT, hoje resta-lhe uma montanha de dívidas
Tiago Miranda
Vasconcellos diz não querer entrar numa guerra com antigo sócio Rafael Mora, esclarecendo que nunca quis ser presidente do grupo Impresa
Nuno Vasconcellos, admite querer voltar a Portugal para “pagar cada tostão com juros” das dívidas ainda por saldar do grupo Ongoing, a que presidiu. Em entrevista ao “Observador”, o empresário comenta a denúncia do antigo sócio Rafael Mora, que o atacou no inquérito parlamentar ao Novo Banco, esclarecendo que não pretende “entrar numa fria [confusão, guerra] com ele”.
Nuno Vasconcellos diz desconhecer se há uma investigação do Ministério Público por causa da queixa de Rafael Mora. "O Rafael acabou por dar algumas respostas (na comissão parlamentar de inquérito) que não são verdadeiras. De empresas que são dele, de coisas que ele diz que eu fiz que não são verdade. Está documentalmente comprovado. Tudo o que eu fiz, fiz de consciência tranquila e ainda hoje pergunto porque raio um empresário como eu ia pôr quase 100 milhões de euros que não estavam garantidos a banco nenhum, pega nesse dinheiro e dá de garantia [ao então BES]. Ou eu fui muito burro, ou estava de boa fé”.
O empresário esclarece, ainda, que, ao contrário do que Mora disse, nunca quis ganhar poder na Impresa, proprietária do Expresso e da SIC, entre outras marcas de informação. “A minha estratégia era a Portugal Telecom, não era a Impresa. Nunca quis ser presidente da Impresa. A obra que Pinto Balsemão fez com a ajuda do meu pai, eu acompanhei tudo. Fui a primeira pessoa que chegou à casa de Pinto Balsemão, quando ele ganhou o concurso da SIC, com uma garrafa de champanhe. Eu vi o Expresso a perder dinheiro durante dez anos, com o meu pai preocupado.”
Quanto ao regresso a Portugal, Vasconcellos esclarece que é “um ponto de honra voltar a Portugal e pagar cada tostão com juros a cada uma dessas pessoas”, mas não pretende pagar aos bancos. “As pessoas são as pessoas. Os bancos são os bancos. Os bancos tinham uma relação de negócio connosco. Os bancos não cumpriram comigo também, muitas coisas. Se o BES tivesse cumprido com a PT nada disto tinha acontecido. Há aqui uma triangulação.”
Sobre a sua situação pessoal, revelou ainda ser "um ponto de honra" deixar o Brasil, onde reside atualmente, e voltar a Portugal: "Estou há cinco anos tentando me pôr de pé. Sou bastante otimista, nunca vejo o copo meio vazio, vejo sempre o copo meio cheio, como qualquer empresário. Tenho a certeza que vou voltar um dia a Portugal e vou limpar o meu nome".