Economia

Após audição falhada a Vasconcellos, PSD quer Rafael Mora no inquérito ao Novo Banco

Nuno Vasconcellos e Rafael Mora quando ainda eram sócios e parceiros na Ongoing e esta era uma das grandes acionistas da PT
Nuno Vasconcellos e Rafael Mora quando ainda eram sócios e parceiros na Ongoing e esta era uma das grandes acionistas da PT
Tiago Miranda

Rafael Mora era sócio de Nuno Vasconcellos na Ongoing e noutros investimentos em Portugal e no Brasil

Após audição falhada a Vasconcellos, PSD quer Rafael Mora no inquérito ao Novo Banco

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A Ongoing deverá voltar a ser tema na comissão de inquérito ao Novo Banco, banco a que tem dívidas que ascenderam a 600 milhões. O PSD pretende convocar Rafael Mora, o antigo braço-direito de Nuno Vasconcellos no grupo que foi acionista da Portugal Telecom, que criou uma guerra na Impresa (dona do Expresso) e que foi dona do extinto Diário Económico.

“Na sequência da inquirição do Dr. Nuno Vasconcellos, que se mostrou infrutífera pelas razões que então foram apresentadas, desde logo pela ausência aparente de colaboração com a comissão de inquérito, vimos solicitar a inquirição de um dos seus principais sócios, que poderá trazer informação relevante sobre o grande devedor ‘Grupo Ongoing’”, aponta o requerimento apresentado pelo grupo parlamentar esta segunda-feira, 24 de maio.

A pessoa a ouvir é Rafael Mora, antigo parceiro de Vasconcellos e que, com ele, esteve nos vários investimentos da Ongoing. Era parceiro na operação nacional da Heidrick & Struggles. O cidadão espanhol saiu da administração antes da derrocada, em 2015.

“Os valores não pagos ao BES/Novo Banco pelo Grupo Ongoing, contabilizados em cerca de 600 milhões de euros, justificam a tentativa de inquirição agora proposta”, indica a audição. Neste momento a dívida, após execuções, deverá estar em 520 milhões de euros por pagar.

A Ongoing resultou dos interesses da família Rocha dos Santos, e fez vários investimentos em Portugal ao lado do Banco Espírito Santo, com a Portugal Telecom a ser o grande destaque. Chegou a ter uma dívida superior a mil milhões de euros, que estará agora em torno de 700 milhões, a esmagadora maioria ao Novo Banco. O banco liderado por António Ramalho pretendia vender a dívida no âmbito da carteira de crédito Nata II, mas o Fundo de Resolução preferiu que fosse a instituição a tentar encontrar soluções.

Rafael Mora já surgia na lista de mais de 100 nomes a convocar inicialmente pelos partidos, mas acabou por ser apenas agendada a sessão a Nuno Vasconcellos. Porém, a forma como a audição decorreu – onde deu poucas respostas, em que disse que a dívida da Ongoing não era sua e que acabou abruptamente ao fim de uma hora – levou o PSD a chamar agora Mora à sala da comissão de inquérito.

O nome é proposto pelos sociais-democratas, tendo agora de ser consensualizado com os restantes partidos. Normalmente, há sempre acordo, mas, nesta iniciativa parlamentar, há um nome que não está a gerar consenso: Rui Pinto.

A comissão de inquérito vai ser prolongada por mais 60 dias, devendo durar até 20 de julho, para que possam realizar-se mais de cerca de 20 audições.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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