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Do Brasil, Vasconcellos diz que é a Ongoing e não ele que tem de pagar €520 milhões ao Novo Banco

Do Brasil, Vasconcellos diz que é a Ongoing e não ele que tem de pagar €520 milhões ao Novo Banco
António Pedro Ferreira

“Não posso ter o meu nome incluído entre os responsáveis por levar Portugal à mais grave crise que enfrentou na sua história recente", declarou o antigo presidente da falida Ongoing

Do Brasil, Vasconcellos diz que é a Ongoing e não ele que tem de pagar €520 milhões ao Novo Banco

Anabela Campos

Jornalista

Do Brasil, Vasconcellos diz que é a Ongoing e não ele que tem de pagar €520 milhões ao Novo Banco

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Do Brasil, Vasconcellos diz que é a Ongoing e não ele que tem de pagar €520 milhões ao Novo Banco

Miguel Prado

Editor de Economia

“Quem tem de pagar é a Ongoing. Está a perguntar pessoalmente. Mas [a pergunta] deve ser feita à Ongoing”. Nuno Vasconcellos considera que é a falida Ongoing, o grupo que liderou e que deixou 520 milhões de euros por pagar ao Novo Banco, que tem de saldar essa dívida e não o próprio, hoje a viver em São Paulo e a partir de onde realiza, esta quinta-feira, uma videoconferência para a comissão parlamentar de inquérito às perdas causadas pelo banco herdeiro do BES.

O grupo que liderou – que foi acionista da Portugal Telecom, dono do "Diário Económico", e proprietário de muitas empresas – chegou a ter dívidas de mais de mil milhões de euros ao sistema bancário português, e de 600 milhões de euros ao Novo Banco, que, após execução e reembolso, está em 721 milhões, no seu todo, e 520 milhões, para o banco herdeiro do BES.

“A dívida tinha garantias e foram avaliadas”, assegurou. “Havia ações da Portugal Telecom, havia um depósito de 70 milhões de euros”. Em 2016, deixou de ser administrador da empresa, já que entrou em insolvência. “Não sei se os ativos foram vendidos da forma mais correta, penso que não”.

"Como é que vai pagar? É pergunta que tem de se fazer a quem lá está neste momento, a quem fez gestão da falência", atirou. "Se eu estivesse lá, diria como pagar, pode ter a certeza", disse.

“Não agi de má-fé e não posso ter o meu nome incluído entre os responsáveis por levar Portugal à mais grave crise que enfrentou na sua história recente”, acrescentou ainda, repetindo que não é o mau da fita.

Na sua audição, Vasconcellos disse também que apresentou ao Novo Banco uma proposta de um fundo de capital de risco de Londres que ofereceu 100 milhões de euros para ficar com a dívida da Ongoing, o que o Novo Banco não aceitou.

O início da audição ficou marcado por alguns desentendimentos entre Vasconcellos e a deputada Mariana Mortágua. O fundador da Ongoing classificou como "muito mal contada" a história de uma outra dívida do grupo, ao BCP, sugerindo que o Ministério Público deveria investigar esse assunto. Quando Mariana Mortágua comentou que o MP poderia investigá-lo, Vasconcellos reagiu com irritação. "Eu não vim aqui como arguido, exijo respeito à senhora deputada", respondeu.

Vasconcellos contestou ainda a ideia de que o Parlamento estava com dificuldades em contactá-lo para ser ouvido no inquérito parlamentar. “Vivo há mais de dez anos no Brasil, em São Paulo. A minha morada é do conhecimento das autoridades dos dois países. Sou há mais de um ano colunista do jornal 'O Dia'. Tenho perfis públicos nas redes sociais. Por qualquer um desses meios é sempre possível contactar-me”, declarou. “Nunca fugi às minhas responsabilidades”, atirou, ainda que tenha havido dificuldades de processos em Portugal em que responda.

A videoconferência foi agendada apesar dos receios de problemas com a ligação de rede para as quais o advogado de Nuno Vasconcellos tinha avisado. Esta semana, era suposto ir viajar para o “centro-oeste do Brasil, a 1500 quilómetros da cidade de São Paulo”, onde teria problemas de rede. “Cancelei todos os meus compromissos para estar à disposição”. “Estou com imensa rede”, disse, depois de um momento com problemas técnicos.

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