Covid-19. Banca já adiou 211 mil prestações de crédito

Banca fica em carteira com créditos de 18,9 mil milhões de euros por pelo menos mais seis meses. Montante representa 8% do crédito concedido em Portugal
Banca fica em carteira com créditos de 18,9 mil milhões de euros por pelo menos mais seis meses. Montante representa 8% do crédito concedido em Portugal
Jornalista
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Em pouco menos de um mês, os cinco principais bancos a operar no país receberam 211 mil pedidos de suspensão de pagamento de prestações (de juros e/ou capital), segundo os dados que os seus responsáveis revelaram no Parlamento. O número será ainda maior, tendo em conta que não estão aqui outros bancos com presença relevante no crédito a empresas e a particulares, como o Banco Montepio ou o Crédito Agrícola.
Ao todo, os pedidos de moratórias dos clientes dizem respeito a créditos cujo valor global ascende a 18,9 mil milhões de euros. Não se sabe, contudo, qual o montante que ficou suspenso efetivamente e que representa um alívio a cada mês para as famílias e para as empresas.
Segundo os últimos dados do Banco de Portugal, relativos ao final de 2019, o sistema bancário tinha empréstimos a clientes no valor global de 234 mil milhões de euros, pelo que a percentagem de crédito sob moratória será de 8%. Mas, como referido, o número peca por defeito.
Aqui, incluem-se a moratória legal, que foi criada pelo Governo e que entrou em vigor a 27 de março, para o crédito a empresas e para o crédito à habitação permanente de residentes, e ainda a moratória privada, coordenada pela Associação Portuguesa de Bancos e que se destina a crédito à habitação para não residentes e para o crédito ao consumo.
A moratória legal tem um prazo de seis meses, até ao final de setembro, sendo que a do crédito ao consumo já conta com um prazo de 12 meses. Com a adesão às moratórias, dá-se a suspensão dos créditos e o seu prolongamento pelo período da interrupção. Pelo que estes créditos ficam mais tempo no balanço dos bancos. Para os clientes que pediram não só a suspensão do capital mas também dos juros, as prestações irão subir.
Até ao momento, o BCP é o protagonista das moratórias: 80 mil pedidos, a maioria dos quais, 55 mil, de particulares, e 25 mil, de empresas. Ao todo, são créditos de 4,5 mil milhões de euros.
No Santander, estão em causa 70 mil pedidos de moratória, mas aqui os montantes dos créditos são de maior dimensão: 7,5 mil milhões de euros.
O Novo Banco tem créditos com valor de 4,5 mil milhões sob as moratórias, sendo que estão em causa mais de 31 mil operações. Este é o único banco que refere que a um terço dos clientes pediu apenas a suspensão da amortização de capital, continuando a pagar juros para não engordar as prestações no final desta interrupção.
A Caixa Geral de Depósitos, embora seja o banco com maior carteira de crédito à habitação, não é aquele que mais pedidos de acesso a moratórias apresenta: menos de 30 mil – facto que o próprio Paulo Macedo notou na sua audição parlamentar. Destes 20 mil são de particulares (1,4 mil milhões de euros) e 9,6 mil pedidos de empresas.
O BPI não divulgou os seus números.
Nas audições parlamentares, os bancos admitiram que as moratórias poderão ter de ser mais tempo, para lá dos seis meses.
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