Economia

Paulo Maló ao Expresso: “É desonesto eu pagar um aval quando a Maló Clinic pode pagar mas não quer”

Paulo Maló
Paulo Maló
António Pedro Ferreira

O empresário assume em declarações ao Expresso a sua revolta com o afastamento da empresa, afirmando que o processo de revitalização da Maló Clinic “distorce as responsabilidades porque dá a possibilidade à Maló Clinic de fugir ao pagamento” da sua dívida

Paulo Maló ao Expresso: “É desonesto eu pagar um aval quando a Maló Clinic pode pagar mas não quer”

Miguel Prado

Editor de Economia

Paulo Maló, empresário e médico dentista que fundou a Maló Clinic, e que este verão foi afastado da empresa, a braços com uma dívida de quase 70 milhões de euros, não esconde a sua revolta com o processo que ditou a sua saída e que agora pôs os bancos credores, o Novo Banco e a Caixa Geral de Depósitos (CGD), a ponderar processos de execução contra o próprio Paulo Maló, que deu avales pessoais sobre dívidas daquela rede de clínicas.

"Neste momento não há processos de execução. Fui avalista de boa fé em conjunto com a empresa, como sabem. Se a empresa fugir às suas responsabilidades (como tem feito desde que o fundo [Atena Equity Partners] tomou a empresa), a começar com o PER - Processo Especial de Revitalização, eu serei chamado a pagar o aval que dei à empresa", começa por esclarecer Paulo Maló, em declarações por escrito ao Expresso.

"Estamos a negociar essa situação. Vamos ver se chegamos a acordo. Certamente é desonesto eu pagar um aval para a empresa quando a empresa pode pagar mas não quer", afirma Paulo Maló, que não se encontra atualmente em Portugal.

"O aval foi feito para garantir um empréstimo para a Malo Clinic! A Malo Clinic também é avalista. O processo PER distorce as responsabilidades porque dá a possibilidade à Malo Clinic de fugir ao pagamento [da sua dívida]. A Malo Clinic tem capacidade para pagar. O PER é pura ganância", comentou ainda Paulo Maló.

O empresário assegurou ao Expresso que a Maló Clinic gera uma faturação suficiente para libertar recursos para pagamento da dívida. E garantiu que "o juro do empréstimo [contraído inicialmente com o Banco Espírito Santo e transitado para o Novo Banco] foi sempre pago".

O PER iniciado em julho deste ano, com o apoio do Novo Banco (maior credor), permitiu a entrada da Atena Equity Partners como novo dono, deixando o Novo Banco de ter no seu balanço as ações da Malo Clinic.

O banco, que tomou as ações da Malo Clinic que pertenciam a Paulo Malo como garantia da dívida contraída pela empresa, acabou por vender o controlo da Malo Clinic à Atena Equity Partners por 4 milhões de euros. Este fundo passou este ano a ser o novo proprietário das clínicas, obtendo do Novo Banco o seu acordo para um PER que contempla um perdão de dívida de 40 milhões de euros.

Em vez de 67 milhões, a Maló Clinic irá reembolsar os credores em 27 milhões de euros, ficando isenta de pagamentos durante dois anos e devendo pagar a dívida nos oito anos seguintes, com juros.

Paulo Maló considera que a empresa tinha meios para continuar a pagar a dívida ao Novo Banco, sem o recurso ao PER. "Após a crise estivemos sete anos a restruturar a empresa. Conseguimos", comenta ainda o empresário, remetendo para quando voltar a Portugal explicações mais detalhadas sobre a situação da Malo Clinic e o seu afastamento.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

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